A Diocese de Nazareth foi criada aos 02 de agosto de 1918 pelo Papa Bento XV, com a Bula Archidiocesis Olindensis et Recifensis, quando foi desmembrada totalmente da Arquidiocese de Olinda e Recife; dia marcante para a comunidade nazarena, localizada na Região Norte, Zona da Mata Norte, do Estado de Pernambuco.
O nome é DIOCESE DE NAZARÉ e não DIOCESE DE NAZARÉ DA MATA. Desde a sua criação, foi Diocese de Nazaré, cuja cidade sede chamava-se NAZARETH, em 1918. O nome Nazaré é fruto da devoção à Virgem Maria, que residiu em Nazaré, na Palestina. Dessa profunda devoção nasce uma nova Nazaré.
Na segunda metade do século XVIII, teve início a povoação de Nazareth do Engenho (A)Lagoa d’Antas, cujos proprietários manifestavam um imenso espírito de religiosidade. Por serem devotos de Nossa Senhora da Conceição, fizeram-na padroeira da comunidade – que, em função do nome devocional da Virgem Maria e do nome da povoação, passou a ser chamada Nossa Senhora da Conceição de Nazareth.
Em 1804, século XIX, foi iniciada a construção de uma Ermida (Capela) dedicada à NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE NAZARETH, nos termos da doação, de parte do engenho, de Dona Felipa da Costa Coutinho, através de escritura pública. Em volta dessa Ermida, formou-se uma comunidade com muita religiosidade e devoção à Mãe de Jesus. Aos 20 de janeiro de 1806, após dois anos, foi inaugurada a Capela Nossa Senhora da Conceição de Nazareth. Tanto a capela quanto a povoação foram batizadas de “Nazareth”, pertencente à freguesia (paróquia) de Tracunhaém, criada em 1690, termo de Igarassu, Comarca de Olinda.
O nome Nazaré deve-se ao sentimento religioso de Dona Felipa da Costa Coutinho, proprietária das terras que doou à Nossa Senhora da Conceição, a Virgem Maria de Nazaré, esta cidade da Palestina. A piedade e a devoção dos habitantes gravaram a inspiração da doadora: Nossa Senhora da Conceição de Nazareth.
A primeira freguesia relacionada ao território da povoação denominada Nazareth, pertencente a Tracunhaém, foi a Freguesia de Laranjeiras, criada em virtude da resolução de consulta de 17 de dezembro de 1821, desmembrada de Tracunhaém, Goiana e Bom Jardim. Aos 17 de junho de 1823, Dom Pedro, imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Império do Brasil, envia, por escrito, ao Cabido de Olinda a apresentação do Pe. Martinho Caetano Pegado para reger os destinos da freguesia de Laranjeiras, tendo como matriz a suntuosa Capela de São Joaquim, construída por Joaquim José Velho de Mello, em 1790, em patrimônio doado por Dona Bernardina de Assunção Ferreira, na povoação de Laranjeiras, em terras do engenho do mesmo nome, que depois vendidas ao Capitão José Francisco Belém, o qual, como proprietário e cobrador de foro das terras, não permitiu a instalação da freguesia e a posse do pároco nomeado, ocasionando grandes dificuldades no estilo da época.
O clima de instabilidade política e religiosa já vinha se delongando, período em que a Diocese de Olinda sofre uma prolongada vacância, praticamente acéfala, sem pastor e sob as intromissões da autoridade imperial, ocasionando a reação do Cabido da Sé de Olinda, que também votou contrariamente à posse, até que se resolvesse o impasse junto ao Governo imperial e aflorasse uma nova perspectiva de bonança para a freguesia nascente. A Diocese de Olinda recebe o seu 16º Bispo, Dom Thomás de Noronha e Brito (1823-1829), a mando do imperador, para pacificar Pernambuco. Este desdobrou-se, com diplomacia, sendo muito admirado, mas as dificuldades continuaram e ele terminou pedindo demissão do seu cargo.
Chegando ao conhecimento do Imperador as dificuldades existentes, este fez baixar um aviso governamental, datado de 06 de fevereiro de 1824, dirigido ao Presidente desta Província de Pernambuco, mandando que se fizesse logo empossar o referido pároco na sua igreja, de uso público e com seu patrimônio. Contudo, continuava o impasse. O então proprietário, o Capitão José Francisco Belém, era irredutível, gerando um mal estar tanto face ao governo imperial quanto ao governo diocesano. A inquietação preocupava toda a população paroquial e a questão evoluiu até a extinção da freguesia.
É narrado que, em 1825, quatro anos depois de provida a freguesia, mas não instalada, o pároco não pudera ainda utilizar a igreja Matriz para o culto e para as normais funções paroquiais, sendo forçado, consequentemente, a desempenhar os seus deveres pastorais em outras igrejas, pertencentes a qualquer outro engenho ou mesmo de domínio particular. Laranjeiras era uma povoação florescente, enquanto Nazaré apenas despontava no cenário das comunicações comerciais da região.
Em agosto de 1829, as dificuldades continuavam. Restava a esperança de novos tempos, em 1830, com expectativa da nomeação do 17º Bispo de Olinda, Dom João da Purificação Marques Perdigão (1831-1864), para resolver o problema de Laranjeiras.
A família Cavalcanti de Albuquerque, uma das mais influentes e expressivas lideranças de Pernambuco, proprietária de vários engenhos nesta área, consegue promover uma visita do bispo de Olinda, Dom Joao Perdigão, a Nazaré, articulando a independência da povoação, elevando-a a Vila, transferindo o parente Pe. Cristovão de Olanda Cavalcanti de Albuquerque, deputado Provincial, do Recife para Laranjeiras, que andava em apuros, também por questões políticas, já visando uma futura nomeação para Nazaré. A composição estava desenhada e coordenada à espera de oportunidade para a criação da nova freguesia.
O crescimento do POVOADO NAZARETH vinha acontecendo gradativamente pelo trabalho na agricultura, criação, exploração das matas e o senso religioso, o que fez surgir sua autonomia administrativa e política, sendo proclamada pela lei provincial de 17 de maio de 1833: a VILA NOSSA SENHORA DE NAZARETH, independente da Vila de Igarassu. No dia 09 de outubro de 1833, aconteceu a instalação da comarca e a primeira câmara municipal. Este aspecto político de elevação de Nazaré à categoria de Vila foi o passo mais próximo para tornar-se paróquia (freguesia).
Neste período, encontram-se documentos citando o nome “Nazaré da Mata”. Contudo, pode ser mais uma expressão popular (da “Mata”) que caiu no esquecimento, a ponto de desaparecer totalmente.
É fato marcante a visita pastoral de Dom João Perdigão, de 29 de outubro a 04 de novembro de 1834, à freguesia de Laranjeiras, sem nenhuma cerimônia e nem sequer sua presença ou passagem na Matriz de São Joaquim. O próprio bispo diocesano descreve seu itinerário: “no dia 29 de outubro, de Mocós passando para Canavieira da freguesia de Laranjeiras, vindo a meu encontro alguns cavaleiros e o Reverendo Pároco. Crismei nos dias 30 e 31 de outubro. No dia 04 de novembro saí de Canavieira à Matriz de Tracunhaém, sendo recebido debaixo do pálio. Dia 07 fui a Nazareth, pelas 6 horas da manhã acompanhado de alguns cavaleiros e cheguei às 7 e meia a esta villa e feita a oração à Nossa Senhora da Conceição, crismei pelas 11 horas 200 pessoas e pelas 5 da tarde até às 10 e meia 1200 pessoas e pela meia noite voltei para a Matriz”. Nazaré encontra aqui ecos da sua história.
De 1834 a 1839, houve um grande período de espera. O sofrimento, entretanto, não coube à Nazaré por esperar, e sim a Laranjeiras, na iminência de perder o título de freguesia, como ocorreu.
O Pe. Martinho Caetano Pegado nunca tomou posse da Freguesia de Laranjeiras; e consta que, em novembro de 1837, o Pe. Cristovão de Olanda Cavalcanti de Albuquerque autentica os livros da referida freguesia. Tudo indica que Dom João Perdigão o designara para Laranjeiras quando já estava acertado, em comum acordo junto ao governo provincial, para a solução do problema com a criação da Freguesia de Nazaré. Em Recife, o Pe. Cristovão funciona como deputado da Primeira Assembleia Provincial de Pernambuco, de 1837 a 1839, ou seja, deputado provincial.
Durante 18 anos agitados, Laranjeiras não conseguiu fazer da freguesia uma comunidade paroquial. É importante ressaltar que Nazaré era Capela da Freguesia de Tracunhaém e não de Laranjeiras.
A Ermida de Nossa Senhora da Conceição tornou-se Matriz com a criação da Paróquia de Nazareth pela lei nº 75, de 30 de abril de 1839, assinada pelo então governador da província de Pernambuco, Conde da Boa Vista, desmembrada do território paroquial canônico de Tracunhaém, a quem pertencia enquanto capela filial, sendo nomeado, nesta mesma data, como primeiro pároco, o Pe. Cristóvão de Olanda Cavalcanti Albuquerque, ficando abolida, assim, a paróquia de Laranjeiras.
Parte do território da freguesia de Laranjeiras, em Vicência, foi anexado à Nazaré e outra parte à freguesia de Tracunhaém. Contudo, o Pe. Cristovão, um Cavalcanti Albuquerque, somente assume a nova paróquia aos 24 de dezembro de 1839. Até essa data, respondeu pelo expediente paroquial o Pe. Antônio Joaquim Buarque, que assina os livros competentes na qualidade de Coadjutor Pró-Pároco. O Pe. Cristovão tinha o apoio da influente família política de Nazaré, Cavalcanti de Albuquerque, e de Dom João Perdigão. Já era regulamento da lei do padroado que o bispo se limitava a provisionar o padre indicado e apresentado pelo Imperador. A monarquia e o império deixaram as marcas de sua inconveniência nas relações civis e eclesiásticas.
A criação da Paróquia de Nazaré, na Vila Nazaré, aconteceu por forças de manobras da política imperial. A autoridade diocesana não se opunha. Contudo, ela não consta nos anais da história, entre as paróquias criadas por Dom João Perdigão, que era bispo diocesano na época. Deve-se esta lacuna ao fato de Nazaré tornar-se freguesia em decorrência da supressão de Laranjeiras, criada em momento de sede episcopal vacante. Porém, não se tratou de transferência de sede paroquial, porque Nazaré pertencia à Tracunhaém. Trata-se de supressão de Laranjeiras e elevação de Nazaré à freguesia. A aproximação geográfica de Nazaré com Tracunhaém, que já era paróquia desde 1690, reclamava a criação de uma nova paróquia.
Aos 11 de junho de 1850, a Vila Nossa Senhora de Nazareth foi elevada à categoria de cidade, NAZARETH, pela Lei Provincial nº 258.
A Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi reconstruída substancialmente em 1870, quando ganhou torre, nave lateral e Capela do SS. Sacramento. A atividade pastoral de Nazaré ampliou os horizontes da fé e da piedade pela pregação e pelo exercício da fidelidade à doutrina dos apóstolos e à devoção à Virgem Maria, Mãe de Deus. Foi e continua sempre impressionante a devoção à Nossa Senhora em toda a Região da Mata Norte.
No início do século XX, Nazareth figurava como favorita à sede da nova Diocese entre as demais cidades da região, como: Timbaúba, Goyanna e Limoeiro. Contra Nazaré, na época, era evocada a pálida influência do comércio e das indústrias, e contra as outras cidades, evocavam as distâncias para as outras sedes paroquiais. A favor de Nazaré era a próspera agricultura. Portanto, entre os prós e os contras, Nazaré foi a escolhida. Havia uma preferência de Dom Sebastiao Leme da Silveira Cintra, 25º Bispo e 2º arcebispo metropolitano (1916-1921), juntamente com o seu secretário particular, Pe. Virgílio Lapenda, filho de Nazaré, senão pela cidade, com certeza pela padroeira Nossa Senhora da Conceição de Nazaré; embora as quatro paróquias que pleiteavam o mesmo privilégio, todas elas eram dedicadas à Nossa Senhora: da Conceição, das Dores, do Rosário e da Apresentação.
No momento decisivo, o 9º Vigário de Nazareth, Pe. Virgínio Estanislau Afonso (1917-1920), jovem padre, paraibano – em seguida, incardinado na Arquidiocese de Olinda e Recife –, provisionado em 06 de dezembro e empossado como pároco em 08 de dezembro de 1917, exercendo o cargo até o dia 22 de março de 1920, como sua primeira paróquia, foi notável, determinado, dedicado como a um primeiro amor, ajudando a Paróquia a tomar um verdadeiro impulso e vitalidade, apressando os preparatórios e somando os argumentos, a ganho de causa, em favor de Nazaré. Mas, em última análise, o que definiu a escolha foi a predileção de Dom Leme pela padroeira, Nossa Senhora da Conceição.
O Pe. Virgínio brilhantemente se desincumbiu de sua tarefa, contactando e convencendo os homens de negócios, sobretudo os Senhores de Engenhos, da necessidade urgente de haver surgir o patrimônio requerido, que pudesse oferecer à Nazaré a categoria de sede episcopal. Tanto mais urgente quando se sabia que, com o mesmo objetivo, trabalhavam e competiam as cidades de Goiana, Limoeiro e Timbaúba.
Em favor de Nazaré, invocava-se o privilégio de Nossa Senhora da Conceição, como padroeira, bem como a posição geográfica mais central, o que fez Dom Sebastião Leme dar preferência a Nazaré. Além disso, ouvidos os vigários das paróquias que formariam a diocese – Taquaritinga, Surubim e Bom Jardim –, opinaram por Nazaré, alegando maior facilidade de comunicação; contrariando, assim, os interesses de Goiana e Timbaúba. As populações de Goiana, Timbaúba e Itambé sacrificaram as pretensões de Limoeiro pelas mesmas razões. Por outro lado, a prosperidade agrícola de Nazaré superou o argumento de melhor comércio de suas concorrentes. A cidade Floresta dos Leões (Carpina) foi citada como candidata à sede da nova diocese, pelo fácil acesso ao Recife e maiores possibilidades econômicas. Tudo isso foi um estratagema utilizado pelo dinâmico Vigário de Nazaré que, mais hábil e mais rápido, garantiu vantagem à Nazaré, que, afinal, foi a escolhida.
Na urgência de organizar comissões de trabalho a fim de levantar o patrimônio da futura diocese, o Vigário Pe. Virgínio e uma multidão – com banda de música, fogos, discursos e repicar dos sinos – receberam, com verdadeiro entusiasmo, na estação ferroviária, o Metropolita Dom Sebastião Leme, no dia 02 de março de 1918, que chegou no trem “Interestadual das 10 horas”. Hospedou-se na residência do Vigário, onde recebeu várias manifestações. O Metropolita veio visitar a cidade e reunir as lideranças locais, a fim de tratar da criação da Diocese. No dia 03 de março de 2018, domingo, oficiara missa pontifical pela manhã e às 13 horas presidiu a sessão solene, quando explicou o objetivo principal de sua visita, recebendo integral apoio das autoridades e pessoas outras de influência na comunidade. Foi, neste momento, constituída a comissão central destinada a providenciar a obtenção de meios financeiros para a constituição do patrimônio para a criação da nova diocese. Além da comissão central, foram criadas subcomissões que deviam atuar não somente em Nazaré, mas em outras cidades. A Gazeta de Nazaré, alguns meses depois, já anunciava a compra da casa destinada à residência episcopal e divulgava em todas as edições, na época, os valores doados pelas pessoas e engenhos, e aqueles recebidos pelas comissões para a aquisição do patrimônio da nova diocese. Enquanto as comissões trabalhavam na realização de suas tarefas, o povo aguardava ansioso a promulgação do ato oficial da Santa Sé, criando a Diocese.
A 02 de agosto de 1918, foi criada a Diocese de Nazareth pelo Papa Bento XV, com a Bula Archidiocesis Olindensis et Recifensis, quando foi desmembrada totalmente da Arquidiocese de Olinda e Recife, dia marcante para a comunidade nazarena. Localizada na região norte do Estado de Pernambuco, compreendendo 18 paróquias: Nazareth, Vicência, Lagôa Secca (hoje Upatininga, transferida para Aliança), Timbaúba, Ó de Goyanna (hoje Tupaóca, transferida para Condado), Tejucupapo (anexada a Goiana, hoje Área Pastoral São Lourenço), Goyanna, Itambé, Tracunhãem, Cruangy (anexada a Timbaúba, hoje Capela), Floresta dos Leões, Limoeiro, S. Vicente (Férrer), Bom Jardim, Queimadas (hoje Orobó), Taquaritinga (hoje pertencente à Diocese de Caruaru), Santa Cruz (do Capibaribe, hoje pertencente à Diocese de Caruaru) e Surubim. (Respeitada a ortografia da época).
Na época, a comunicação demorava chegar. Somente no dia 10 de dezembro de 1918, às 6 horas, o Padre Virgínio Estanislau Afonso recebeu do Exmo. Revmo. Sr. Dom Sebastião Leme, Arcebispo de Olinda e Recife, o telegrama concebido nos seguintes termos: “Foi creada a Diocese de Nazareth, cujo povo felicito. Espero urgente completo patrimônio. Repiquem sinos –”. Apenas recebido este despacho, o estimável Vigário procurou diversos membros da comissão executiva e pessoas gradas de Nazareth, aos quais mostrou o aviso recebido, combinando os meios de fazer públicas manifestações de regozijo e gratidão pela graça concedida à Nazareth pela Sua Santidade Bento XV, com a intervenção do amado Arcebispo Metropolitano. Logo, os sinos de todas as Igrejas repicaram e pipocaram fogos. O mesmo aconteceu ao meio dia.
Às 17 horas, a banda Cinco de Novembro percorreu as principais ruas da cidade e concentrou-se no átrio da Igreja Matriz, que estava literalmente cheia de fiéis. Às 18h, encaminharam-se solenemente para a capela-mor o Vigário, Padre Virgínio Estanislau Afonso, e os Padres João Olympio e Virgilio Lapenda. Estes, vindos do Recife e secretários de Dom Sebastião Leme, Arcebispo de Olinda e Recife. Coube ao Padre João Olympio transmitir as felicitações pela criação deste bispado. Seguiu-se a exposição e bênção solene do Santíssimo Sacramento.
Nos dias subsequentes, os sinos repicaram, às 06 horas, ao meio dia e às 18 horas. A população nazarena fremiu de regozijo pela criação da nova Diocese.
No dia 15 de dezembro de 1918, domingo, dia solene, foram realizadas diversas homenagens pela criação da Diocese de Nazareth. O Vigário, Padre Virgínio Etanislau Afonso, foi homenageado pelo seu aniversário natalício. Às 9h30, celebração solene da Santa Missa pelo Padre Virgilio Lapenda, nazareno e secretário do Arcebispo Metropolitano. Às 18h, foi cantado o Solene Te Deum.
No Decreto da Nunciatura Apostólica no Brasil, dado em São Sebastião do Rio de Janeiro, no dia 01 de janeiro de 1919, D. Ângelo F. Scapardini, Núncio Apostólico na República do Brasil, manda que se cumpram e se executem todas as determinações constantes das Letras Apostólicas “Archidiocesis Olindensis Recifencis”. Fixada a Sede e Cathedra na cidade de Nazareth e elevada à dignidade e honra de Cathedral a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Nazareth.
Em sinal de louvor e gratidão a Deus pela criação da Diocese, com sede em Nazaré, o Vigário Pe. Virgínio Afonso programou e realizou uma Semana Eucarística no período de 27 de março a 01 de abril de 1919. Muitos outros eventos foram realizados em comemoração à criação da nova Diocese, por exemplo, durante todo o mês de maio, e também houve a fundação e instalação da Associação dos Santos Anjos.
Tudo foi acontecendo sob o olhar e os cuidados do Vigário de Nazaré: Bula da criação da Diocese e decreto da Nunciatura Apostólica, executando as Letras Apostólicas.
No dia 03 de julho de 1919, foi anunciada a eleição do vigário de Gravatá-PE, Pe. Ricardo Ramos de Castro Vilela, para ocupar o sólio da nova Diocese pernambucana, com uma população aproximada, na época, de 600.000 habitantes.
A Sagração Episcopal teve lugar a Sé de Olinda, no dia 07 de setembro de 1919, do Pe. Ricardo Ramos de Castro Vilela, olindense, e do Pe. João Tavares de Moura, nazareno, eleitos bispos, respectivamente, de Nazareth e Garanhuns. Foi sagrante o então Arcebispo Metropolitano, D. Sebastião Leme da Silveira Cintra, e consagrantes: D. José de Oliveira Lopes, bispo de Floresta, e D. José Tupinambá da Frota, bispo de Sobral.
A instalação da Diocese e posse de D. Ricardo Ramos de Castro Vilela, primeiro bispo nazareno, deu-se no dia 19 de outubro de 1919, apresentando-se como um acontecimento de real importância para a vida social e religiosa dessa cidade e de toda a região. E a padroeira da nova Diocese continua a mesma padroeira da Paróquia de Nazareth, Nossa Senhora da Conceição. Foi ainda registrado que Nazareth viveu o dia mais feliz de sua história sociorreligiosa. O primeiro bispo de Nazareth chegou no “Interestadual das 10 horas”, foi recebido com grande festa, discurso e cumprimentos de boas-vindas. Às 15 horas, paramentou-se na Capella do Senhor Bom Jesus e seguiu triunfalmente para a Cathedral para a solenidade de posse episcopal, seguida da oração congratulatória do Cônego Pereira Alves.
No dia 20 de outubro de 1919, o Exmo. Revmo. Sr. Dom Ricardo Ramos de Castro Vilela, às 09 horas, na Cathedral, presidiu solenemente o seu primeiro pontifical. As pessoas de todas as classes se irmanaram para prestar ao seu novo pastor as homenagens de acolhida, naquela manhã, na Igreja Matriz elevada à Catedral. A série de homenagens ao primeiro bispo nazareno foi encerrada no dia 26 de outubro de 1919.
Aos 22 de março de 1920, o Pe. Virgínio deixa Nazaré e vai servir a Diocese de Garanhuns, aguardado por Dom João Tavares de Moura.
Com a elevação de Nazareth à sede da Diocese de Nossa Senhora da Conceição, começou um maior desenvolvimento econômico, social e a criação de instituições no campo da educação e da vida religiosa.
Quando a Matriz Nossa Senhora da Conceição foi promovida à Catedral sofreu alguns reparos e alterações acidentais. Em seguida, Dom Ricardo Ramos de Castro Vilela se determinou a transformar a Igreja Catedral num monumento de fé condigno, onde ele pudesse pontificar com todo o esplendor do culto litúrgico.
Foi nomeado o 10º Vigário de Nazaré, no dia 04 de abril de 1920, o Pe. Alberto de Albuquerque Azevedo, sacerdote devotado e virtuoso, que logo mudou a instalação elétrica da Catedral, dotando-a de piso de mosaico. Em fevereiro de 1921, ainda em sua administração paroquial, Dom Ricardo Vilela fundou o Colégio Diocesano Bento XV, destinado a oferecer educação religiosa e civil, bem como instrução primária e secundaria aos jovens da Diocese. Logo em seguida, no mês de março, o Pe. Alberto de Albuquerque tomou férias, anunciando que as gozaria no Rio de Janeiro, e lá ficou, sem dar sequer notícias. Não houve dele outras informações.
O Pe. Eugênio de Medeiros Villa Nova, 11º Vigário, veio licenciado da Arquidiocese de Olinda e Recife e ficou na Diocese de Nazaré, de 27 de abril de 1921 a 26 de dezembro de 1922. Recebe provisão de Pró-Pároco da freguesia de Nazaré, com plenos poderes paroquiais na freguesia de Tracunhaém.
No terceiro aniversário da eleição episcopal, dia 03 de julho de 1922, Dom Ricardo Vilela, em Carta Circular, anuncia ao clero e todos os fiéis que Nossa Senhora da Conceição está proclamada canonicamente Padroeira da Diocese de Nazaré. Portanto, a mesma padroeira da Paróquia Nossa Senhora da Conceição foi constituída padroeira da Diocese, desenvolvendo a devoção à Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
No dia 03 de dezembro de 1922, foi realizada, com grande festa, por Dom Ricardo Vilela, a bênção da nova imagem de Nossa Senhora da Conceição da Cathedral. E o Pe. Villa Nova é chamado pelo Arcebispo e já nomeado Pároco de Itamaracá.
Logo, Dom Ricardo Ramos de Castro Vilela provisiona o Pe. João da Mata de Andrade Amaral, secretário do bispado, para assumir a freguesia unida de Nazareth e Tracunhaém, no dia 26 de dezembro de 1922. Foi o 12º Vigário de Nazaré. Ele foi o primeiro padre ordenado por Dom Ricardo Vilela, aos 20 de março de 1921, e, mais tarde, o primeiro bispo por ele sagrado, bispo de Cajazeiras-PB – que depois seguiu para Manaus e Niterói. Registra-se que o Pe. João da Mata dirigiu a paróquia de Nazaré em dois períodos: de 26 de dezembro de 1922 a 31 de dezembro de 1928, e de 10 de janeiro a 31 de dezembro de 1930. Acompanhava a trajetória da paróquia e da diocese e se antecipava aos sonhos e aspirações do seu bispo.
No seu paroquiato, foi inaugurado, em fevereiro de 1923, o Colégio Santa Cristina, dirigido pelas religiosas Damas da Instrução Cristã, com o apoio de Dom Ricardo Vilela; acontecimento que constituiu um passo largo no progresso da cidade e da diocese de Nazaré.
Em 1925, Dom Ricardo Vilela chama o Pe. Virgínio Estanislau Afonso de volta à Diocese de Nazaré e o nomeia Vigário Encomendado de Timbaúba, até 30 de setembro de 1927. Em seguida, o Pe. Virgínio deixa Timbaúba e retorna à Paraíba, seu torrão natal, entregando-se de corpo e alma à freguesia de Soledade, acolhido por Dom Moisés Coelho.
No dia 31 de dezembro de 1925, atendendo o que preceituou o Papa Pio XI, toda a diocese foi consagrada ao Sagrado Coração de Jesus.
Aos 05 de junho de 1926, o Pe. João da Mata Amaral, Vigário de Nazaré, compra a tipografia e a GAZETA DE NAZARETH, ficando seu programa e suas metas definidos com os grandes ideais da Igreja Católica, mas a serviço da verdade e do bem-estar do povo. O nascimento do referido jornal “Gazeta de Nazareth” aconteceu no paroquiato do Pe. João Firmino. Teve um berço leigo, mas o vigário pertencia ao grupo da amizade e da criatividade, gerando o jornal, batizando-o e consagrando-o sob o sinal da fé. Em seguida, o Vigário Virgínio Afonso não mediu esforços para atrair o apoio do povo a “Gazeta de Nazareth”. Este foi o jornal que circulou por mais tempo, durante 50 anos, iniciado em 1917 e encerrado em 1967.
O Seminário Menor “Immaculada Conceição” foi fundado por Dom Ricardo Vilela, aos 11 de fevereiro de 1928, funcionando na antiga Casa Grande do Engenho Lagoa Dantas, entre o Colégio Santa Cristina e o Cemitério São Sebastião.
O 15º Vigário de Nazaré, Pe. Severino Mariano de Aguiar, aos 05 de abril de 1932, recebeu a provisão de Pároco amovível das freguesias de Nazaré e Tracunhaém, transferindo o arquivo da matriz de Santo Antônio de Tracunhaém para Nazaré; a partir daí, estava decretada e consubstanciada a jurisdição única do vigário de Nazaré sobre ambas as paroquias.
A freguesia de Tracunhaém não foi abolida, mas anexada, ficando constituído, assim, um só território, com sede em Nazaré.
Tracunhaém aguardou, durante décadas, uma definição da autoridade diocesana sobre seus destinos paroquiais. Cresceu, tomou assento ao palco da cultura, impôs um artesanato criativo, cultivou a fé e teve restaurada a sua tricentenária sede paroquial. Tracunhaém foi mãe que viu sua filha (Nazareth) crescer e ser elevada à Diocese.
O Pe. Severino Mariano de Aguiar renuncia o paroquiato de Nazaré, em data de 01 de outubro de 1932. Contudo, permaneceu até o dia 26 de junho de 1933. Retirou-se de Nazaré silencioso, instalando-se em Campina Grande-PB, como cooperador do Vigário Pe. José de Medeiros Delgado, nomeado, anos após, BISPO DE CAICÓ-RN, deixando como substituto o seu cooperador, confirmado posteriormente vigário, atuando nessa qualidade, por muitos anos, até ser escolhido também para o episcopado, como bispo de Pesqueira – PE.
Em 1943, diante da ameaça de NAZARÉ perder a denominação, porque a topônima da Bahia era mais antiga, as lideranças locais buscaram uma solução, e o jornalista nazareno, Manoel Raposo, na Gazeta de Nazaré de 17 de julho de 1943, sugeriu “Nazaré da Mata”, que foi, logo, acatada por todos. Em seguida, através do Decreto Estadual nº 952, o município, o termo e a comarca de Nazaré tiveram seu topônimo alterado para NAZARÉ DA MATA, nome que já tinha aparecido, e logo desaparecido, em documentos no período da povoação Nazareth e Vila Nazareth. Mas a DIOCESE continua DIOCESE DE NAZARÉ, com sede em Nazaré da Mata. Uma diocese já centenária.
(Fonte: Livro – “Traços do Tempo – Nazaré é Igreja no Nordeste”, do Mons. José Aragão, 1989, utilizado por Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – 8º Bispo Diocesano de Nazaré – para coligir o texto acima).
Os nomes seguiram a ortografia original, da época.