Quase 600 pessoas participaram, neste domingo, 3 de agosto de 2025, da segunda edição do Encontro Diocesano de Lideranças Paroquiais, que refletiu sobre o tema “A identidade católica no século XXI: redescobrindo a pertença eclesial”. O assessor foi o padre Pedro Igor Leite da Silva, reitor do seminário da Diocese de Garanhuns e professor da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Formação: a identidade católica no século XXI
A primeira parte do encontro aconteceu no Auditório Dom Helder Câmara, no Centro Diocesano de Pastoral (CDP), em Carpina-PE. A programação começou com o café da manhã e um momento de animação e espiritualidade conduzido pelos seminaristas. Em seguida, padre Pedro Igor deu início à palestra na qual discorreu sobre a necessidade de romper com a fragmentação e o individualismo que caracterizam a era da comunicação, reconhecendo a importância da comunidade eclesial, bem como da formação, acompanhamento e missão.

Seu ponto de partida foi uma análise da conjuntura atual da sociedade, a partir da premissa de que a experiência social lança luz sobre as relações e experiências eclesiais. Sua explanação foi a de que a era da comunicação e informação, apesar de ter gerado uma aparente proximidade global, acentuou o isolamento. O indivíduo está cercado por uma rede de contatos digitais, mas frequentemente se encontra sozinho, isolado em casa. Uma solidão que é muitas vezes mascarada pela exaustão da produtividade e pelo excesso de informações; e isso reforça o individualismo e cria “bolhas virtuais” que acabam se sobrepondo ao espaço físico da comunidade.
Dentro do contexto da fé, a internet também se consolidou como uma fonte de informação religiosa paralela, o que pode fazer com que fiéis percam o vínculo com o processo formativo do território diocesano e de suas respectivas paróquias. Nesse cenário, o sentido da pertença eclesial é enfraquecido. Assim sendo, o convite primordial e urgente é o de preservar e fortalecer o vínculo com a comunidade que nos viu nascer pelo Batismo.
“A última palavra é da comunidade local à qual pertenço e que me viu nascer pelo Batismo. Os individualistas não podem ser cristãos. O cristianismo é feito de comunidade, de povo que se reúne. Somos diferentes, mas em torno da eucaristia somos um só”, declarou.

E apresentou dez pontos inerentes à identidade católica, indispensáveis para que se retorne às raízes e se fortaleça a pertença eclesial, pois “mesmo em mudanças de época, a identidade da Igreja não muda”, afirmou. São eles: 1. Batismo (porta da Igreja); 2. Eucaristia; 3. Discipulado; 4. Tradição (desde a criação da diocese, há uma presença ininterrupta de bispos que nos confirmam na fé); 5. Mediação da Igreja; 6. A Igreja como povo de Deus (abertura aos ministérios e carismas); 7. Rede de comunidades (não pode haver Igreja fora da comunidade); 8. A Igreja celebra (dimensão litúrgica); 9. Opção preferencial pelos pobres; 10. Dimensão escatológica.
Por fim, elencou dez comportamentos que destroem a identidade católica: 1. Ausência de comunhão (eucarística e eclesial); 2. Autorreferencialidade; 3. Espetacularização da fé e da liturgia; 4. Bricolagem de elementos religiosos (perde-se a própria identidade ao misturar elementos de diferentes tradições religiosas); 5. Esquecer o dinamismo e a dimensão missionária da nossa fé; 6. Esquecer a dimensão social da fé; 7. Tratar a Igreja como uma empresa ou ONG; 8. Excluir e não dar espaço para todos; 9. Fragmentar o Evangelho; 10. Clericalismo (tanto por parte padres quanto dos leigos).
Espiritualidade: adoração e celebração eucarística
Após a palestra, o coordenador diocesano de pastoral, padre Pedro Nascimento, acolheu as caravanas, advindas de diversas paróquias da Igreja Particular de Nazaré, e recordou: “nunca pense que você já sabe tudo. Todos nós precisamos sempre de acompanhamento e formação”. Após pausa para o almoço, houve um breve momento de adoração com bênção do Santíssimo Sacramento conduzido pelo padre Ivan Alves, SDB, pároco da Paróquia São José de Carpina.



Depois, os participantes seguiram para a Catedral Nossa Senhora da Conceição, em Nazaré da Mata-PE – uma das sete igrejas peregrinas da Diocese de Nazaré neste Ano Jubilar – , onde aconteceu a missa de encerramento presidida pelo bispo diocesano, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena. Em sua homilia, Dom Lucena declarou que viver de verdade consiste em apostar a existência em Jesus Cristo.

“Cremos que viver é viver como ele viveu. Ora, como foi a vida do Cristo? Foi total doação ao Pai e aos outros, por amor do Pai.Total despojamento, numa total liberdade – foi assim que o Cristo passou entre nós. Pois bem, é nisso que consiste a vida verdadeira; é nisto que consiste o que Jesus chama no Evangelho de ser ‘rico diante de Deus’ e não ajuntar tesouros para si apenas”, explicou.
Em sua fala, o prelado também fez referência ao mês das vocações. “Mês de agosto é o mês das vocações. É um mês temático, tempo especial para a Igreja no Brasil, pois celebramos o mês vocacional, este ano com o tema: ‘Peregrinos porque chamados’ e lema: ‘A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações’. Em cada domingo deste mês recordamos uma vocação específica: neste primeiro domingo, a vocação ao ministério ordenado. Todos os batizados são chamados por Deus a uma vocação específica. É no silêncio da oração que Deus nos revela a vocação com a qual nós mais nos identificamos”, disse.

