Na tarde desta terça-feira, 21 de setembro de 2021, às 15h no horário do Amazonas (16h no horário de Brasília), chegaram a Porto Velho-RO, na Amazônia, o padre Elias Roque (62 anos de idade e 33 anos de sacerdócio) e os seminaristas Cezar Diego Tôrres do Nascimento (26 anos de idade) e Rodrigo Justino de Lima (26 anos de idade), juntamente com o bispo diocesano de Nazaré, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, que os acompanhou até lá. Eles viajaram ontem mesmo, tendo saído às 07h25 do Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto Freyre, em Recife-PE.
Eles foram acolhidos oficialmente na Arquidiocese de Porto Velho, em Rondônia-RO, em uma missa realizada na Catedral Sagrado Coração de Jesus, às 18h15 no horário do Amazonas (19h15 no horário de Brasília), na festa do apóstolo São Mateus. A celebração contou com a presença de Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, e Dom Francisco Lucena, bispo de Nazaré. Alguns padres, religiosas e fiéis da referida arquidiocese também participaram da eucaristia.
Os missionários recém-chegados irão colaborar com a missão na Arquidiocese de Porto Velho, de modo especial na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Machadinho d’Oeste, na divisa com o Amazonas e o Mato Grosso. “É uma alegria, é uma graça muito especial! Diante de um apelo que nós fizemos, a Igreja de Nazaré prontamente se colocou à disposição”, disse Dom Roque em suas palavras iniciais.
“Estamos muito felizes neste passo que celebramos aqui, juntos, como missionários, chamados, convocados, enviados”, expressou Dom Lucena em sua homilia. E recordando a celebração dos 100 anos de Vida e Missão da Igreja Particular de Nazaré, declarou: “queremos viver concretamente este chamado, queremos viver o que realmente refletimos, meditamos, celebramos no centenário. E estamos aqui, na Arquidiocese de Porto Velho”.
Em suas últimas palavras, direcionadas aos missionários, instruiu: “Deixem-se contagiar por Jesus e levem Jesus a todos os nossos irmãos e irmãs”, enfatizando a necessidade de dar sempre o melhor para o Evangelho de Jesus, o Evangelho da alegria, e à vida de todo o povo de Deus.
Na manhã de hoje (22), quarta-feira, Dom Francisco Lucena presidiu a santa missa no Seminário Maior São João XXIII. Estavam presentes Dom Roque (arcebispo de Porto Velho), Pe. Filip Jacques (vigário geral da arquidiocese), Pe. Edilson Gabriel (reitor do seminário maior), Pe. Thimóteo Oliveira (professor e diretor de estudos do seminário maior) e os seminaristas locais. Depois, foi feita uma visita à Casa Vocacional Dom Helder Câmara (seminário menor) e, na sequência, à rádio arquidiocesana Caiari FM 103,1.
Em entrevista, na rádio Caiari, Dom Lucena falou que a Diocese de Nazaré se abriu a essa experiência, colocando-se a serviço do anúncio do Evangelho, como uma resposta aos apelos do Papa Francisco, que nos convida a sermos uma Igreja em Saída, uma Igreja missionária.
Convidados a dar uma palavra de motivação aos jovens ouvintes que estão em dúvida ou com medo de assumir a vocação, o seminarista Rodrigo Justino foi enfático ao declarar: “escutem a voz de Deus, porque é Ele que nos chama e nos indica o caminho. A partir deste chamado seremos impulsionados a viver esta linda vocação”.
MISSA DE ENVIO
A missa de envio dos três missionários aconteceu no último sábado (18), às 19h, na Catedral Diocesana, em Nazaré da Mata-PE. “Estamos felizes por celebrar este momento de envio dos nossos missionários, que irão para a Amazônia”, disse o bispo no início da missa. Alguns padres, seminaristas, religiosas e fiéis participaram da eucaristia, que foi transmitida pelas redes sociais da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Facebook e Youtube).
O padre Maurício Silva do Nascimento (46 anos de idade e 14 anos de sacerdócio) também integra este grupo, mas não pôde participar da celebração e só seguirá viagem para a Amazônia no início do próximo mês, porque realizou uma cirurgia recentemente e está de repouso por 30 dias. Sua missa de envio acontecerá no próximo dia 25 de setembro de 2021, sábado, às 19h, na Matriz de Nossa Senhora da Glória, em Glória do Goitá-PE. Todos podem acompanhar a transmissão pelas redes sociais da paróquia (Facebook e Instagram).
Em sua homilia, no sábado (18), Dom Lucena recordou, a princípio, as motivações e celebrações alusivas ao centenário da Igreja Particular de Nazaré:
“Estamos felizes, dando continuidade ao legado das celebrações dos 100 anos da nossa querida Diocese de Nazaré. Antes da celebração, em 2018, tivemos um tempo de preparação, um tema que vivemos com muita disposição: vida e missão. E queremos dar este passo, assumir a missão fora do nosso território, porque nós vivemos a missão em toda a Igreja, sejam sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosas, religiosos, leigos e leigas. A Igreja é, por natureza, missionária; e nós devemos abraçar esta missão, este chamado de Deus”.
O prelado declarou, ainda, que eles não estão sozinhos, mas acompanhados na oração e na proximidade por toda a diocese. “Nós somos enviados; não é cada um que vai sozinho. Vocês, missionários, são enviados pela Igreja, não sozinhos. Mesmo a Igreja Particular de Nazaré não estando toda em Rondônia, na Amazônia, vocês estão, e com vocês toda a diocese. Não estão sozinhos, mas acompanhados na oração, na ajuda fraterna, na nossa proximidade, mesmo longe, mas com a missão de Jesus Cristo. Eis um dia de muita felicidade!”, expressou.
Com mais de três décadas de exercício ministerial no território diocesano de Nazaré, padre Elias Roque diz que parte com muita alegria no coração e o desejo de somar junto àquele povo: “todo experiência, principalmente no campo missionário, é enriquecedora. Partir, rumo ao desconhecido, não é nada fácil, pois viverei uma nova realidade, com certeza bem diferente. Mas esse sempre foi o meu desejo”.
E prosseguiu: “aquele que vai, terá muito mais a aprender que ensinar. Respeitar a cultura, os costumes e as tradições será o meu objetivo. Amar será o meu dever. Conhecer para aprender, doar-me enquanto as minhas forças permitirem; colaborar com a Igreja local e com o seu pastor, a minha grande missão. O que tudo isso representa? Um aprendizado, um crescimento espiritual e um fortalecimento maior na minha vida sacerdotal. Pela oração estejamos unidos, na fé fortalecidos e na fraternidade caminhando juntos”, partilhou.
Ao falar sobre o que essa experiência, em outra arquidiocese, representa para a sua caminhada vocacional, nesta fase importante do seu estágio pastoral, o seminarista Cezar Tôrres revelou: “Em 2016, quando participei do Congresso Missionário Nacional e ouvi falar sobre o projeto Igrejas-irmãs, fiquei encantado e comecei a cultivar, em meu coração, o desejo de poder colaborar um dia. Eis que esse dia chegou! Ouvindo o apelo de Jesus Cristo e incentivado pelas palavras do Papa Paulo VI, que em 1952 disse que “Cristo aponta para a Amazônia”. Estamos dando esse passo!”.
O seminarista Rodrigo Justino comentou que está indo com muita expectativa para conhecer essa nova realidade e avançar para águas mais profundas na missão da Igreja. “Tenho a convicção de que estou sendo enviado por nossa Diocese, em nome de Cristo, para essa especial missão. É fato que será uma experiência muito proveitosa; evidente que alguns obstáculos vão aparecer, porém a graça de Deus em nós e no próximo nos surpreenderá, por isso estou indo com muita expectativa”.
Os dois seminaristas estarão retornando no final de outubro deste ano para participar, na primeira semana de novembro, de um retiro preparatório para a ordenação diaconal, que acontecerá aos 06/11/21, na Igreja Matriz de Goiana-PE. Após a ordenação, eles retornam para a missão na Amazônia.
Ao final da missa, Pe. Pedro Nascimento (pároco de Nazaré da Mata) fez uma breve homenagem a Dom Francisco Lucena, por ocasião dos cinco anos de sua posse canônica como bispo diocesano de Nazaré. Em seu discurso, destacou o seu zelo de pastor e ressaltou a providência da data escolhida para o envio dos missionários:
“Não foi por acaso este envio hoje, foi a providência divina que inspirou esta data. Assim como Dom Lucena chegou e foi empossado na missão em Nazaré, ele hoje envia desta Igreja Particular dois sacerdotes e dois seminaristas também em missão. E como ele disse muito bem: com o padre Elias, o padre Maurício e os dois seminaristas vão todos os diocesanos de Nazaré, inclusive ele. Deus seja louvado!”, celebrou.
Antes da bênção final, Dom Lucena citou a situação de muitas dioceses e arquidioceses na Amazônia, com várias paróquias sem padres, e contou que o convite para esse envio havia sido feito desde abril deste ano, mas ele preferiu aguardar um pouco até que todos estivessem devidamente vacinados. Sobre a duração da missão, o bispo diocesano disse que não há um período determinado, mas o tempo que for necessário para conhecer bem a realidade e realizar um bom trabalho. “O Espírito Santo vai soprando. […] E quando um vier, outros irão. Já temos candidatos”, disse.
Dom Lucena fez, ainda, um agradecimento e um apelo para que a Obra das Vocações Sacerdotais (OVS) continue rezando e se fortalecendo na oração e na ajuda, a fim de que a diocese continue dando cada vez mais frutos para o serviço missionário na Igreja. E aos missionários, uma última palavra: “é bem diferente o ritmo. Eu já disse que eles têm que deletar tudo o que tem na cabeça daqui, do mapa da diocese, porque é outra cultura, é outro caminho, mas é enriquecedor; ganharão muito com tudo isso e nós também vamos beber desta fonte, de todo este trabalho”, animou.
PROJETO IGREJAS-IRMÃS
O Projeto Igrejas-irmãs, criado em 1972, é uma iniciativa da CNBB, cuja finalidade é partilhar a fé, os dons da graça, as experiências pastorais, pessoas e recursos financeiros como gestos de caridade cristã para com as Igrejas da Amazônia e outras também necessitadas. Segundo o bispo diocesano, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, que seguirá com os padres e seminaristas até Porto Velho, para deixá-los lá, esse momento representa a concretização do desejo da Diocese de Nazaré em ser missionária e o legado das celebrações vividas por ocasião dos seus 100 anos de criação.
Fotos: Arquidiocese de Porto Velho e Pascom Nazaré