Foi concluída, na tarde de ontem (30), quinta-feira, a 56ª Assembleia Pastoral Regional da CNBB NE2. O encerramento aconteceu com a missa de envio, presidida pelo bispo da Diocese de Garanhuns (PE) e presidente do Regional, dom Paulo Jackson. A liturgia foi concelebrada pelo bispo de Caicó (RN), dom Antônio Carlos Cruz, e pelo bispo de Cajazeiras (PB), dom Francisco de Sales, vice-presidente e secretário do NE2, respectivamente. Na ocasião, foram abençoadas e entregues aos participantes, como sinal de missionariedade, cruzes réplicas da cruz peitoral do ex-arcebispo de Olinda e Recife, um dos fundadores da CNBB e Bem-aventurado, dom Helder Camara.
Aos participantes da Assembleia, dom Paulo falou, durante a homilia, da alegria que toda a presidência sentia com a realização do evento e gratos a todos “por tudo que foi construído” nesses dias intensos. “Sinodalidade não é a palavra da moda. Ou a Igreja é sinodal ou não é Igreja. A Igreja é Eucaristia e missão ou não é Igreja. Que sejamos, de fato, uma Igreja sinodal em nosso querido Regional Nordeste 2”, declarou dom Paulo.
A 56ª edição do encontro foi realizada de 28 a 30 de setembro de 2021, no Convento de Santo Antônio, Ipuarana, em Lagoa Seca-PB, e teve como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, e lema “Levanta-te e come. Ainda tens um caminho longo a percorrer (1Rs 19,7b)”. Participaram lideranças católicas dos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Da Diocese de Nazaré, esteve presente Dom Francisco Lucena (bispo diocesano), Pe. Pedro Nascimento (coordenador diocesano de pastoral) e Hudson Ramos (Secretariado Pastoral Diocesano).
Dom Lucena partilha que a 56° Assembleia Pastoral do Regional NE2 trouxe luzes renovadoras e de esperança para sermos uma Igreja Sinodal de Comunhão. “Desde o primeiro milênio a Igreja foi marcada pela sinodalidade. Uma Igreja Sinodal é uma Igreja capaz de comunhão. A sinodalidade é a concretização da comunhão no nosso meio. Não é algo do momento nem novo. Deve ser atualizada hoje. Por isso, deve ser superada a pastoral da conservação, o clericalismo, a lógica do poder, o democratismo, as leituras unilaterais e a pseudo-escuta”.
E prosseguiu: “Para a preparação da nossa assembleia diocesana, que é somente uma assembleia avaliativa do nosso plano de pastoral vigente, traz proposições que devem ser assumidas para uma assimilação e vivência do caminho sinodal, na formação em geral, na renovação das estruturas de comunhão, como os conselhos, e uma atenção ao Congresso Eucarístico Nacional. A Assembleia Regional NE2 foi muito positiva e prática, renovadora para a vivência de uma Igreja Sinodal de Comunhão, mística, missionária e eucarística. A sinodalidade é uma experiência que se realiza na comunhão”.
Como fruto das reflexões ao longo dos dois dias da 56ª Assembleia Pastoral Regional, os clérigos e leigos propuseram caminhos para o andamento das atividades pastorais nas igrejas particulares da CNBB NE2. As diretrizes, organizadas em cinco pontos principais, foram apresentadas, debatidas e aprovadas, na tarde desta quinta-feira (30).
Assimilação e vivência do caminho sinodal é a primeira luz da síntese que será disponibilizada em breve para as 21 dioceses e arquidioceses quem compõem o Regional. Esse ponto propõe que as igrejas particulares assumam e implementem ações que construam o caminho sinodal proposto pelo Papa Francisco, investindo na escuta, na comunhão e na participação, valorizando uma igreja ministerial.
O segundo ponto foca na Escuta como processo transformador no caminho da sinodalidade e, por isso, propõe criar uma Pastoral da Escuta nas dioceses e arquidioceses.
O terceiro ponto é a Formação. A Assembleia propõe que o processo de formação seja permanente em vista da cultura da comunhão em todos os âmbitos eclesiais, para isso se faz necessário investir nos seminários, nos leigos e nas pastorais.
O quarto ponto compreende a criação de Estruturas de comunhão e participação. De acordo com a síntese, é necessário criar conselhos em todas as instâncias onde se promova a escuta e o fortalecimento dos vicariatos e regiões pastorais. A descentralização do serviço e priorizar as comunidades missionárias também se destacam nesse item.
A construção das novas diretrizes pastorais para o Regional inclui o 18º Congresso Eucarístico Nacional (CEN) e faz à caminhada sinodal. Por decisão dos quase cem participantes da Assembleia, o Regional assume a divulgação, programação e animação do CEN, que vai acontecer em novembro de 2022, na Arquidiocese de Olinda e Recife. Essa proposta consiste na preparação, incentivo e celebração, desde já, por todas as dioceses e arquidioceses.
EUCARISTIA FOI TEMA DO ÚLTIMO DIA DA ASSEMBLEIA
O diácono Sérgio Sezino, daArquidiocese de Olinda e Recife, foi o conferencista da manhã do último dia de atividades na 56ª Assembleia Pastoral Regional. Ele falou sobre o tema: Eucaristia: sustento da missão na Igreja em caminho.
O palestrante começou sua explanação apontando para o “retorno às fontes”, explicando que não há sinodalidade, nem tão pouco caminho de conversão se a Igreja não fizer esse caminho de retorno, isto é, redescobrir a sua missão pastoral e espiritual.
Revisitar as fontes, segundo o diácono, consiste em compreender que a vida e missão da Igreja nasce da experiência eucarística, que não se limita apenas ao rito. De acordo com o conferencista, a Eucaristia implica em missão contínua, entretanto, quando a Igreja não consegue assimilar essa verdade, muitos riscos e desafios são impostos.
Nesse sentido, o diácono destacou algumas adversidades ao caminho sinodal, dentre elas, atentou para a cultura do subjetivismo, as catequeses e apostolados paralelos, as devoções superficiais à Eucaristia, ao clericalismo, os modelos eclesiológicos equivocados, a realidade de um catolicismo multifacetado com perigos de entretenimento. Ele também aprofundou a dimensão trinitária da Igreja, com um olhar para a comunhão eclesial, o batismo, e a Eucaristia.
* Com informações do site: CNBB NE2
Fotos: Pascom Nazaré, CNBB NE2 e Pascom Campina Grande