Após a JMJ 2013, no Rio de Janeiro, às margens da praia de Copacabana, o Papa Francisco retornou ao continente americano – desta vez, à América Central – para encontrar a juventude de todo o mundo.
Hudson Ramos, 26 anos, é Mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e graduado em Comunicação Social, com ênfase em Rádio, TV e Internet, também pela UFPE. Dentre as atividades pastorais que desenvolveu, destacam-se: Coordenador da Pastoral da Catequese; Professor do módulo “Catequese e Comunicação” da Escola Diocesana de Catequese; Representante da Juventude Paroquial e Organização de Eventos Religiosos.
Comunicação Diocese: Por que ser voluntário na JMJ? Que implicações isso traz pra sua caminhada de fé, como jovem católico?
Hudson Ramos: Minha decisão de me candidatar para voluntário da JMJ partiu do desejo de viver a experiência da jornada a partir da perspectiva do serviço. Minha primeira jornada foi a do Rio de Janeiro, em 2013, como peregrino. E agora, no Panamá, é a minha segunda, mas a primeira como voluntário. Acredito que essa experiência de voluntários traz várias contribuições para nossa vida, e não só religiosas. Ela nos coloca em contato com outras culturas, outras pessoas, outras experiências, onde tudo é unido pelo fio condutor da fé em Cristo e no exemplo de Maria. Pessoalmente falando, me sinto valorizado por poder ofertar aquilo que sou e tenho, e impelido a testemunhar essa experiência encantadora aos meus que aí na diocese estão.
Comunicação Diocese: Como você poderia descrever o clima que se percebe no Panamá estes dias, com representações juvenis de várias partes do mundo?
Hudson Ramos: É um clima de muita alegria e acolhida. A JMJ verdadeiramente foi um projeto de país abraçado por muitos daqui. É notória a alegria da grande maioria dos panamenhos e o grande esforço que fazem para tudo ser do nosso agrado. Tenho algumas experiências particulares que comprovam isso, mas que agora não terei o tempo necessário para contar. As delegações são fantásticas. Todas muito alegres e barulhentas. Características próprias da juventude viva e participante das jornadas. Nós brasileiros somos celebridades aqui.
Comunicação Diocese: Em 2013, o Brasil teve a alegria de acolher a Jornada Mundial da Juventude. Após um intervalo na Polônia, em 2016, a JMJ retorna à América Latina em 2019. O Panamá – como outros países da América Latina, inclusive o Brasil – é marcado por um contexto de extrema violência e pobreza.
Qual o sentido profético da presença do Papa Francisco nesses contextos, nesse olhar para as periferias?
Hudson Ramos: Realmente, isso demonstra um olhar preferencial do Papa Francisco e da própria Igreja para os pequenos, para os pobres. Algo que me marcou na Missa de abertura da Jornada, celebrada pelo arcebispo local, Dom José Domingo Ulloa Mendieta, foi quando ele disse que depois da Jornada no Panamá os pequenos poderiam continuar a sonhar. Essa declaração confirma que nós não queremos uma Igreja só dos grandes, mas sobretudo dos pequenos; que todos possam ser lembrados, amados e acolhidos! Para isso, a Igreja precisa estar presente de forma concreta – e não somente reflexiva – nesses contextos de pobreza e de violência. Como sabemos, os países da América Central – como a Colômbia e Venezuela – têm enfrentado muitas turbulências nesse sentido. Sendo assim, a presença do Papa Francisco e dos jovens peregrinos é um gesto concreto de que nós estamos preocupados, e precisamos nos mobilizar para mudar essa realidade, a fim de vivermos, de fato, uma civilização do amor e da paz.
Comunicação Diocese: O tema da JMJ 2019 (“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua palavra”) é um eco às discussões do Sínodo da Juventude realizado em outubro do ano passado, no Vaticano. Qual a importância e urgência dessas temáticas para os nossos tempos?
Hudson Ramos: O tema da Jornada deste ano dialoga, de fato, com a preocupação do Papa Francisco em discernir sobre o acompanhamento e as realidades juvenis, que são várias. E isso reflete em uma preocupação nos jovens em quererem ser felizes, e também de serem felizes com Deus. Essa temática nos ajuda muito a discernir sobre o projeto de Deus para nossas vidas, sobre a nossa vocação, e os nossos talentos, em como aplicamos os nossos talentos e os devolvemos a Deus.
Comunicação Diocese: Como as reflexões e experiências da JMJ, no Panamá, podem favorecer o protagonismo jovem na Igreja Particular de Nazaré? Tendo em visa que essa é uma das prioridades do nosso Plano de Pastoral 2019.
Hudson Ramos: As Jornadas Mundiais da Juventude são momentos privilegiados de encontro com o Senhor através da comunhão com os irmãos e irmãs de várias partes do mundo – jovens, bispos, padres, religiosos(as), bem como com a comunidade local. Numa catequese em Língua Portuguesa de que participei, Dom Nelson Francelino Ferreira, Bispo de Valença no Rio de Janeiro, refletiu como a JMJ é um lugar de peregrinação onde as pessoas vêm se encontrar, se encantar e serem enviadas. Então, quando a gente se depara com essa experiência rica que é a JMJ, não tem como não voltar mais alegre e estimulado a difundir essa alegria, para que tantos outros possam se encantar da mesma forma como nós nos encantamos.