A Diocese de Floresta publicou um documento no qual é feita uma avaliação da Experiência Missionária realizada em seu território no período de 09 a 26 deste mês de janeiro. A iniciativa da jornada partiu do coração dos bispos da CNBB Regional Nordeste 2, que abrange os Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e rio Grande do Norte. Participaram cerca de 100 pessoas, a maioria seminaristas dos cursos de filosofia e teologia, além de 4 religiosas e 1 leigo. Eles vieram de 14 dioceses, sendo 12 do Regional e 2 do sul do país.
Da Diocese de Nazaré participaram seis seminaristas: José Junior, José Francisco, José Ícaro, Adriano Pereira, Hugo Estêvão e Ronaldo Gomes. O seminarista José Ícaro testemunha que, para ele, a experiência renovou o desejo de seguir em frente, de servir e ser sinal de Deus.
“Essa missão trouxe, para mim, o desejo de ser luz para muitos que vivem afastados da Luz que é Cristo. Essa experiência me abriu os olhos, pois aprendi muito no silêncio e na escuta de tantas pessoas que tinham em Deus a esperança de dias melhores. Foi uma experiência de fé, de amor e partilha. Acredito que devemos avançar conforme o pedido do papa Francisco de sermos uma “Igreja em Saída”. Ser missionário é ir ao encontro daqueles que precisam reconhecer novamente o amor que Deus tem por cada um”, partilhou.
O texto, assinado pelo padre Gerson Bastos, Coordenador Diocesano de Pastoral de Floresta, destaca aspectos relevantes da missão lá acontecida e traz ainda algumas sugestões em nível regional e local.
Veja a íntegra do texto.
Diocese de Floresta – PE
Experiência Missionária- Regional Ne 2
No período de 09 a 26 de janeiro de 2020, acolhemos em nossa Diocese a I EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA DO REGIONAL NE 2, com a participação de 82 pessoas (78 seminaristas, 03 religiosas e 01 leigo).
Nos três primeiros dias, aconteceu um retiro orientado por Dom Esmeraldo, como também a exposição da realidade sócio-política da região e da caminhada pastoral da nossa Igreja Particular.
No dia 12 de janeiro, Festa do Batismo de Jesus, após a missa de envio, os missionários seguiram viagem para 04 de nossas paróquias, com realidades bem diversas ( Paróquia Nossa Sra. do Patrocínio, em Belém do São Francisco; Paróquia Sagrada Família em Fuga, em Carnaubeira da Penha; Paróquia Nossa Senhora do Ó, em Itacuruba, e Paróquia São Francisco de Assis, em Petrolândia). As comunidades destas paróquias acolheram, com muita expectativa e alegria, a presença destes missionários.
Durante os 12 dias de permanência nas comunidades, famílias foram visitadas, os missionários tiveram conhecimento dos problemas que afetam a vida do povo, também aconteceram momentos de celebração e formação de acordo com a realidade de cada local.
Durante estes dias, 6 missionários que estavam na Paróquia de Carnaubeira da Penha tiveram problemas de saúde devido a não adaptação com as situações locais, tendo que deixar a experiência missionária e retornarem para suas casas.
No dia 26 de janeiro, houve o retorno para a sede da Diocese para um momento de avaliação da experiência, testemunhos e celebração de encerramento.
Daquilo que trouxeram como testemunhos do que vivenciaram destaca-se:
Muitos chegaram esperançosos, ansiosos para a missão. Outros vieram por obediência à equipe de formação que os enviou, mas ao longo dos dias de experiência missionária foram percebendo como fez bem vir participar.
Alguns perceberam que é preciso, devido a realidade das comunidades, não burocratizar a pastoral e investir mais na catequese.
Os que foram às comunidades ribeirinhas, nas ilhas ao longo do Rio São Francisco, detectaram uma precariedade principalmente no que diz respeito a questões sociais. É uma realidade pobre, porém é marcante a alegria do povo que é feliz com o pouco que tem. Destaca-se também o senso de fraternidade que há no povo das ilhas.
As comunidades testemunharam que a presença dos missionários ajudou a reavivar mais a fé.
Em muitas comunidades das agrovilas há uma indiferença das pessoas nas questões de fé.
Nas agrovilas também existem questões gritantes: falta de perspectiva dos jovens, catequese centralizada na mão do padre e burocratização do acesso aos sacramentos – “ter que participar de 7 missas para batizar”.
Os missionários também detectaram uma desumanização no tratamento da CHESF com as pessoas das agrovilas.
Nas pessoas/lideranças há um senso de comunidade, e isso foi expresso nos diversos modos de acolhida por parte das comunidades para com os missionários.
Há muitas situações de pobreza, mas a simplicidade e acolhimento das pessoas é bonito de se ver.
Percebeu-se que a realidade da diocese é plural e que, de uma paróquia para outra, há contextos totalmente diferentes.
A respeito do problema de assistência com mais frequência dos padres às comunidades, percebe-se que o problema está nas opções que, como igreja, nós fazemos. É preciso atitudes de mais saída por parte do clero.
O povo deu um show de acolhida para com os missionários, e isso é sinal para nós, “seminaristas”, colocarmos os pés no chão. (Darton – seminarista de Porto Alegre).
Em muitas comunidades há um sincretismo religioso.
As novenas é o que até hoje tem alimentado a fé do povo sertanejo.
Há uma sadia autonomia do povo em se reunir aos domingos para a celebração da Palavra.
Os líderes das comunidades são heróis. São eles que alimentam a fé do povo.
O povo guarda viva a lembrança de missionários que passaram pelas comunidades (em Carnaubeira da Penha, o Pe. Paulo Bastos; em Petrolândia, o Pe. Giovanni e a Ir. Jani).
Em muitas agrovilas há uma união do povo no que diz respeito à luta, no que diz respeito a questões sociais.
Vinícius, de Afogados da Ingazeira, relatou que estes dias de experiência missionária o ajudaram a se abrir para a dimensão missionária fora da sua realidade.
Darton, de Porto Alegre, relatou que a experiência missionária o ajudou a reforçar uma visão positiva sobre o Nordeste, vendo que o povo nordestino é trabalhador.
Algumas sugestões dadas:
– Sugere-se que o tempo de elaboração de uma experiência missionária para outra seja de 02 anos, e que se reduza o tempo para 01 semana. – Pensar também na data em que aconteça a experiência missionária. Sugestão de que seja no início ou no final de janeiro. – Providenciar um Kit para os missionários. – Ter mais atenção com os missionários que têm problemas de saúde, não colocando em áreas tão distantes. – Nos setores com maior número de moradores e comunidades, colocar uma equipe maior de missionários.
UMA CRÍTICA: a falta de presença do COMIRE, que estimulou a participação dos outros, mas não chegou junto para participar de forma ativa e integral da experiência missionária.
Algumas sugestões para a Diocese:
– Continuar investindo na formação dos leigos, pois são aqueles que estão sustentando a fé das comunidades. – Instituir o diaconato permanente. – Pensar num Plano bem elaborado de Pastoral Vocacional.
No final do momento de avaliação, foi lida uma mensagem deixada por Dom Gabriel agradecendo a presença e o testemunho dos missionários. Concluiu-se a Experiência Missionária com a Celebração Eucarística na Catedral do Bom Jesus dos Aflitos, presidida por Dom Egídio Bisol – Bispo de Afogados da Ingazeira, tendo ainda como sinal da benção de Deus uma fecunda chuva alegrando o coração do povo sertanejo. Após a missa, a Comunidade Paroquial da Catedral ofereceu um lanche para os missionários.
Pe. Gerson Bastos Filho – Coord. Diocesano de Pastoral
Fonte: Diocese de Pesqueira