Caríssimos irmãos e irmãs, fiéis que, pelo batismo, fazem parte da nossa comunhão missionária, que é a Igreja, saúdo a todos em nome e no amor de Jesus Cristo!
O Espírito Santo nos reúne hoje para celebrar, na alegria, a abertura Diocesana do Mês Missionário Extraordinário e esta ordenação diaconal. Saúdo Dom Severino, Bispo Emérito de nossa Diocese de Nazaré, Dom Limacêdo Antônio, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife. Na pessoa do Vigário Geral, Pe. Antônio Inácio, saúdo todos os padres, diáconos permanentes e seminaristas aqui presentes. Saúdo as autoridades constituídas, os religiosos(as), consagrados(as), membros da Obra das Vocações Sacerdotais (OVS), pastorais, movimentos, serviços, as nossas paroquias e comunidades eclesiais. Saúdo todos os que vieram de outras dioceses, amigos e amigas dos ordenandos, sejam bem-vindos! Em especial, acolho e saúdo os pais e familiares de nossos seminaristas, que daqui a pouco serão ordenados diáconos da Igreja, a serviço do Reino de Deus.
Meus irmãos e irmãs, hoje é dia de festa para nossa querida Igreja Diocesana de Nazaré. “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. Estamos aqui convocados e animados pelo nosso Papa Francisco, abrindo o Mês Missionário Extraordinário. Por que o Papa Francisco proclamou este mês de outubro como um mês missionário extraordinário? Para celebrar os 100 anos da Carta Apostólica sobre a atividade desenvolvida pelos missionários no mundo, do seu predecessor Bento XV, o mesmo que criou esta nossa querida Diocese, e também para reavivar a consciência batismal do Povo de Deus em relação à missão da Igreja.
Somos todos missionários! Sejam criativos para que o mês missionário extraordinário seja um marco para continuarmos em missão. A Igreja deve ser missionária. Neste sentido, nesta celebração, também oficializamos os Conselhos Missionários Paroquiais (COMIPAS), envolvendo todos os grupos, movimentos, pastorais, serviços e estruturas da Igreja para a missão. Uma Igreja missionaria, em saída. Assumamos, na nossa vida de batizados, a cruz missionária. A cruz é o instrumento e o sinal eficaz da comunhão entre Deus e os homens para a universalidade da nossa missão.
O amor de Jesus não conhece limites nem fronteiras. Que o Mês Missionário Extraordinário, nesta querida Diocese de Nazaré, torne-se uma ocasião de graça intensa e fecunda para promover iniciativas nas nossas paróquias e comunidades, e para intensificar, de modo particular, a oração – alma de toda a missão –, o anúncio do Evangelho, as obras de caridade cristã e as ações concretas de colaboração e solidariedade entre as comunidades, de modo que se desperte e jamais nos seja roubado o entusiasmo missionário. Esse é o desejo do Papa Francisco para nos animar a viver o Mês Missionário Extraordinário.
Nesta alegria de ser missionário, cinco filhos desta querida Diocese, que receberam no batismo a vocação à santidade, que é seguimento de Jesus Cristo, sentiram-se chamados a uma consagração total. Permitam-me algumas lembranças sobre a Palavra de Deus aqui proclamada. Ela pode nos ajudar, se a interiorizamos em nosso coração, para que se transforme em vida e missão, transformando-nos, a nós e a nossa comunidade, nossa sociedade.
A primeira leitura, do Livro do Profeta Jeremias (1,4-9), nos fala de um dado muito importante: Deus nos conhece muito antes da nossa existência nesse mundo. Foi ele que nos chamou à vida, à missão; foi ele que vos chamou, caros seminaristas. É porque quer algo de nós! Ninguém vem a esse mundo por acaso. No caso do profeta Jeremias, Deus o chamou e o consagrou, fazendo dele profeta das nações. Deus também nos chamou e nos consagrou, enviando-nos a este mundo de tantas injustiças e desigualdades porque tem para nós uma missão. Tem para vocês, futuros diáconos, uma missão. A missão de testemunhar tudo o que Jesus fez, como ouvimos na segunda leitura dos Atos dos Apóstolos.
Depois da imposição das mãos, estejam a serviço. Diáconos criados para o serviço. O diácono, na Igreja, não é um sacerdote de segunda classe, não é para o altar, mas para o serviço. Essa harmonia entre o serviço à Palavra e o serviço à caridade representa o fermento que faz crescer o corpo eclesial. Servir não é uma ideia, mas é uma prática de seguimento e imitação de Cristo Jesus, na humildade, abnegação, pobreza, obediência e amor à cruz.
O texto do Evangelho proclamado mostra a escolha e o envio dos “outros setenta e dois discípulos”. Ora, ao enviar outros setenta e dois, Jesus está enviando a todos e não apenas os doze. Hoje, aqui, não enviamos apenas os cinco, mas todos e todas. Todos nós somos enviados em missão. Não é possível ser missionário sozinho, de modo individualista, a missão é feita na comunidade e em comunidade. Missão significa deslocamento, saída, que quer dizer desinstalar-se, ir ao encontro dos necessitados, das realidades de desafios, pois Jesus ia a essas realidades. Missão é servir.
O serviço somente poderá ser vivido por quem tem um coração agradecido, por ter tido o privilégio de ser amado e chamado para estar com Jesus e ser enviado em missão: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi” (Jo 15,16). Vocês, meus queridos seminaristas, estão para ser ordenados diáconos. Vocês sentiram o chamado e resolveram dizer sim, vocês se prepararam para isso. Peço que se lembrem: o maior serviço é ser memória viva de Jesus para a comunidade, dando exemplo de amor e serviço. Amor que não busca privilégio algum, mas, a exemplo de Jesus, se doa generosamente, porque sabe que, no Reino de Deus, servir é doar-se.
Não serão diáconos de aluguel nem funcionários, nem por um curto tempo, mas para toda a vida. Doem suas vidas ao serviço, à missão da Igreja de Cristo. Cultivem seus sonhos e sofrimentos. E não se esqueçam de que Jesus os olhou; deixem-se olhar por Jesus. A Igreja Particular de Nazaré espera de vocês um comportamento ético, coerente com as promessas que farão daqui a pouco. Contem sempre com a oração dos irmãos do clero ao qual passam a pertencer, e também com meu afeto e bênção de pai e pastor. Assim seja!
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo de Nazaré – PE