Após cinquenta dias, a Igreja se reúne para celebrar a fidelidade de Deus, que jamais abandona seu povo. Deus que nos presenteou com o dom da vida nova, faz com que esta vida seja renovada constantemente por sua ação constante em nós. Não somente para que tenhamos vida plena, mas para que sejamos instrumentos geradores de vida onde existem sinais de morte. A novidade de Deus, que nos vem no dom da Páscoa de Jesus, nos enche de possibilidades e esperança em meio aos desafios que constantemente enfrentamos. É força, é dinamismo, é amor que a tudo e todos plenifica e dignifica.
Celebrar Pentecostes é viver com intensidade a experiência profunda e consoladora da ‘presença’ de Deus. O caminho não é feito de maneira solitária, tristonha, sem esperanças, sem diálogo. Não! A presença de Deus-amor preenche todo espaço que é somente satisfeito por Ele mesmo. É presença que ajuda a sua Igreja a passar pelas ‘alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem’ (GS 1); fazendo seu, num tom de unidade e fraternidade, aquilo que somente seria do ‘outro’ se não existisse a experiência profunda e autêntica do amor-comunhão.
Esta presença constante dá a paz, afasta a dúvida e alegra – com o júbilo que só se encontra em Deus (Jo 20,19-20) – a todos os que se permitem arriscar no Amor verdadeiro, fonte de todo amor. Esta alegria impulsiona a viver ainda mais o serviço autêntico no seio da comunidade do Ressuscitado – o mesmo que prometeu o Paráclito.
Pois bem, a comunidade do Ressuscitado, revigorada pelo dom do amor-comunhão, é chamada a ‘ser’ este sinal do amor de Deus na vida do mundo. O Espírito, o paráclito, o consolador, o advogado é força que projeta para o ‘além de si mesmo’ mulheres e homens, comunidades inteiras, que se deixam guiar por esta presença, fazendo com que a unidade seja uma realidade testemunhal e não apenas um desejo. O Espírito faz com que esta unidade aconteça na pluralidade das diferenças, que não diminui a beleza da unidade, antes a fortalece e dá sentido. Faz com que aquilo que (sem amor) poderia ser causa de separação, torne-se, na verdade, razão para a perfeita união.
Assim, celebrar Pentecostes é, antes de tudo, acolher e viver a renovação constante da vida de Deus que é ‘presença’ e que alegra a caminhada do seu povo, enviado em missão; missão de ser amor na vida do mundo.
Vinde, Espirito de amor!
Por Padre José Cleiton Barbosa