A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é celebrada na quinta-feira depois da solenidade da Santíssima Trindade. Ela foi instituída pelo Papa Urbano IV, em 08 de setembro de 1264, século XIII, como forma de evidenciar ainda mais a presença real de Cristo na Eucaristia. Cremos, com todo o nosso coração e com toda a nossa mente, que, nas espécies eucarísticas oferecidas como Sacrifico de Cristo, o Senhor Jesus está realmente presente no seu Corpo e no seu Sangue, alma e divindade, tão perfeito e real como está no céu.
No dia de Corpus Christi, nós nos reunimos em volta do altar do Senhor, para estar na Sua presença; em procissão, caminhamos com o Senhor; e, por fim, nos ajoelhamos diante d’Ele, em adoração. No momento final da bênção eucarística, nos prostramos diante d’Aquele que se inclinou até nós e deu a vida por nós.
O Corpus Christi recorda-nos que ser cristãos significa reunir-se de todas as partes para estar na presença do único Senhor e tornar-se n’Ele um só. A Eucaristia nunca pode ser um fato privado, exclusivo. A Eucaristia é um culto público. É o caminhar com o Senhor, em procissão, depois da Santa Missa, quase como um seu prolongamento natural, movendo-nos atrás d’Aquele que é a Via, o Caminho. Com a doação de Si mesmo na Eucaristia, o Senhor Jesus liberta-nos das nossas paralisias, faz-nos levantar e faz-nos dar um passo em frente, e depois outro, e assim põe-nos a caminho, com a força deste Pão da vida.
A Eucaristia é o Sacramento do Deus que não nos deixa sozinhos no caminho, mas se coloca ao nosso lado e nos indica a direção. E, diante do Senhor, nós nos ajoelhamos em adoração. Adorar o Deus de Jesus Cristo, que se fez pão repartido por amor, é o remédio mais válido e radical contra as idolatrias de ontem e de hoje. Ajoelhar-se diante da Eucaristia é profissão de liberdade: quem se inclina a Jesus não pode e não deve prostrar-se diante de nenhum poder terreno, mesmo que seja forte. Nós, cristãos, só nos ajoelhamos diante do Santíssimo Sacramento, porque nele sabemos e acreditamos que está presente o único Deus verdadeiro, que criou o mundo e o amou de tal modo que lhe deu o seu Filho único. Adorar o Corpo de Cristo significa crer que ali, naquele pedaço de pão, está realmente Cristo, que dá sentido verdadeiro à vida. Aquele diante do qual nos prostramos não nos julga, não nos esmaga, mas liberta-nos e transforma-nos.
Reunir-nos, caminhar, adorar nos enche de alegria. Na Eucaristia, comunica-se o amor do Senhor por nós: um amor tão grandioso que nos nutre com Ele mesmo; um Amor gratuito, sempre à disposição de cada pessoa faminta e necessitada de regenerar as próprias forças. Viver a experiência da fé significa deixar-se alimentar pelo Senhor e construir a própria existência, não sobre os bens materiais, mas sobre a realidade que não perece: os dons de Deus, a sua Palavra e o seu Corpo. Vivamos e caminhemos alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo Diocesano de Nazaré