Ao concluir as celebrações do jubileu de dois mil anos do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Papa João Paulo II presenteou a Igreja com um novo plano de pastoral, que foi a Carta Apostólica NOVO MILLENNIO INEUNTE, na qual, de modo muito claro e preciso, ele apontou o caminho sempre novo para a Igreja, que é o seguimento de Jesus Cristo. Cito a referida Carta Apostólica porque foi ela que desencadeou uma avalanche de iniciativas na vida da Igreja, na busca de novos métodos e novas configurações para se apresentar ao mundo como enviada do Senhor, portanto, Sacramento de Salvação para a humanidade.
Qual foi a proposta levantada pelo Papa João Paulo II? Nas entrelinhas da Carta Apostólica ele recorda, após as celebrações do grande jubileu, inclusive com um pedido de perdão pelos pecados cometidos ao longo da história, que, a partir daquele momento, a Igreja deve voltar sempre mais seu olhar para o Rosto do Cristo e nele contemplar o rosto da humanidade. Aqui se insere a vocação.
Ninguém é chamado, na Igreja, para ser tarefeiro de plantão. Se assim fosse, teríamos um grande número de funcionários e funcionárias da religião; marqueteiros da fé. Jesus chama quem Ele quer para uma grande travessia, que muitas vezes implicará em tempestades, porque ser chamado significa abandonar tudo para ter o TUDO (Mc4,35-41). Para saber como agir, os discípulos foram e são chamados, antes de serem enviados (Mc 6,7-13); chamados a estar perto do Mestre e serem configurados a Ele. Depois de serem iniciados na missão, eles foram enviados e, na volta, relataram ao Senhor que até os demônios fugiram ao vê-los. Não poderia ser diferente. Não é possível fazer aliança com o demônio, quem se conscientizou que está no mundo pra ser memória de Jesus.
O Documento de Aparecida, no capítulo IV, que é uma excelente apresentação da espiritualidade do Seguimento de Jesus, coloca a condição do vocacionado como aquele que foi chamado para estar com Ele. Eis a primeira condição: estar com o Senhor. Quanto mais íntimos do Senhor, mais resposta fiel será dada a Ele e mais coragem e frutos a missão do discípulo missionário dará para a implantação do Reino de Deus.
No tempo atual, com todos os seus desafios, o olhar fixo em Jesus é indispensável a fim de que a vocação não esmoreça. O tempo é difícil. A tempestade está presente e aparece como violenta, por causa de tantas pandemias, sobretudo da COVID-19. Neste tempo tempestuoso, o Papa Francisco coloca em evidência a vocação de quem foi chamado(a) pelo Senhor. No mundo doente, a vocação é curar. No mundo inseguro, Cristo é a segurança. Neste sentido, entendemos qual a missão para a qual o Senhor envia: ser sua presença no mundo, junto aos sofridos e sofridas da história, mas também junto aos que provocam sofrimentos, para que se convertam.
No caminho vocacional, faz-se necessário um profundo dialogo e uma profunda intimidade com o Evangelho. E na Igreja, uma profunda comunhão com o Papa Francisco, sobretudo com as indicações que ele tem dado no processo missionário da Igreja. O Papa colocou para todos e todas duas indicações que não podem ser esquecidas: o cuidado com a casa comum e a fraternidade universal. São projetos ousados, e que precisam ser levados avante por todos e todas. E o caminho para o bom êxito não é outro, senão partir de Jesus Cristo (NMI 29), num caminho de sinodalidade, escuta, cuidado, comunhão.
Que neste mês das vocações possamos descobrir a força do Ressuscitado que está em nós desde o Batismo. Estejamos de olhos voltados para o Senhor, a fim de sabermos como agir no tempo presente.
Especialmente ao bispo diocesano, Dom Francisco Lucena, e aos irmãos presbíteros e diáconos, nossa gratidão pelo sim renovado todos os dias, especialmente na celebração da Eucaristia e como presença do Senhor na vida e nas histórias das pessoas e das comunidades que formam a Igreja de Cristo que está em Nazaré.
Pe. Aluísio da Silva Ramos
Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, Buenos Aires – PE