No segundo dia da 57ª Assembleia Pastoral Regional da CNBB NE2, a programação começou, às 07h, com a santa missa na Capela Santo Antônio, no Convento Ipuarana, em Lagoa Seca (PB), que foi presidida pelo arcebispo de Olinda e Recife (PE), dom Fernando Saburido. Concelebraram o arcebispo de Natal (RN), dom Jaime Vieira Rocha, e os bispos de Afogados da Ingazeira (PE) e Mossoró (RN), dom Egídio Bisol e dom Mariano Manzana, respectivamente.
A liturgia foi um momento de ação de graças pelo dom da vida dos pastores que comemoram 75 anos em 2022. De acordo com o Código do Direito Canônico, a idade é o limite para que o bispo ou arcebispo apresente sua carta de renúncia ao Santo Padre, colocando à disposição sua função do episcopado como titular de uma diocese ou arquidiocese. Em caso de aceite pelo Pontífice, o pastor se torna emérito.
Após o café da manhã e o momento de animação, foi realizada a primeira conferência do encontro: “Os cenários de fragilidade na sociedade brasileira”. A palestra foi conduzida pelo padre Geraldo Luiz De Mori. O sacerdote é membro da Equipe de Análise de Conjuntura Eclesial da CNBB e integrante da Comissão Teológica do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). O sacerdote, que também é doutor em teologia, professor e coordenador docente, discutiu cenários atuais e preocupantes da conjuntura brasileira como a fome, o desemprego, o aumento da degradação do meio ambiente e da violência.
Segundo o padre De Mori, a pandemia de covid-19, quando não matou, contribuiu para fragilizar pessoas no mundo inteiro, em particular em áreas mais empobrecidas como o Regional Nordeste 2 da CNBB. O território é formado pelos estados de Alagoas, da Paraíba, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte.
“Estamos sentindo as sequelas ainda hoje, sobretudo, nas áreas da psicologia e psiquiatria. A pandemia também mudou muito o estilo de viver a espiritualidade, com a suspensão de atividades presenciais, mas ela também pode ser uma grande oportunidade de mudança de rota, de rumo, segundo o Papa Francisco”, afirmou o sacerdote.
A partir da análise conjuntural, o palestrante questionou aos cerca de 130 participantes da assembleia “Qual o lugar do indivíduo na sociedade contemporânea?” A partir dessa reflexão, padre De Mori lembrou a orientação do “cuidado com a Casa Comum”, proposta por Francisco na encíclica Laudato si’.
Fragilidade eclesial e escuta sinodal
Suscitados a refletir sobre as realidades da sociedade, os participantes assistiram à segunda conferência, que tratou do tema: “Horizonte de fragilidade eclesial à luz da escuta sinodal”. O tema foi apresentado pelo padre Janilson Rolim, da Diocese de Cajazeiras (PB), e pelo bispo de Caicó (RN) e vice-presidente da CNBB NE2, dom Antônio Carlos Cruz Santos.
A partir de um levantamento com as quatro arquidioceses e 17 dioceses do Regional, os palestrantes colocaram em discussão na assembleia os pontos fortes e as maiores fragilidades de cada realidade eclesial no Nordeste 2.
Como fortalezas, apareceram os conselhos paroquiais ou diocesanos, que funcionam como espaços de construção importantes para a vida da Igreja. Também foram destacados os trabalhos das pequenas comunidades eclesiais e da Pastoral da Comunicação (Pascom).
Do ponto de vista das fragilidades, 11 dioceses apontaram a necessidade de uma melhor organização das celebrações. Já para 16 dioceses a falta do diálogo ecumênico traz prejuízos à caminhada da Igreja, enquanto 17 destacaram o acolhimento como um ponto fraco da ação eclesial em seus territórios.
Uma formação que leve em conta a fé, na perspectiva de ocupar os espaços políticos para uma busca por uma sociedade mais justa e fraterna, é uma fragilidade presente em quatro dioceses da CNBB NE2. Pelo menos dez indicaram a responsabilidade eclesial e a falta de cuidado com os pobres e com a Casa Comum. Já a fragilidade comum a todas as 21 dioceses do Regional é o clericalismo.
“O que Deus quer nos ensinar a partir destas fragilidades?”, questionou dom Antônio Carlos. “É preciso buscar o discernimento, fazer obras de justiça solidária vendo nos pobres o Cristo pobre, praticar a misericórdia alegre e o amor por si mesmo, afinal somos criaturas de Deus e templo dele”, salientou o bispo.
A manhã foi concluída com um debate entre os participantes da assembleia, em vista à construção da Síntese – documento conclusivo da 57ª Assembleia Pastoral Regional, que deverá apresentar as diretrizes para a ação pastoral e missionária da Igreja, em 2023.
No turno da tarde, os participantes iniciaram a programação às 14h30, recitando a oração da Hora Média. Logo depois, às 15h, o padre Geraldo Luiz De Mori retornou para apresentar a conferência “Habitar a fragilidade como lugar teológico e pastoral”.
Após o intervalo, os participantes se dividiram em grupos de trabalho para dar início à construção da Síntese. No início da noite, foi rezada a Oração de vésperas e, por fim, realizado o jantar festivo.
* Informações: CNBB NE2
Fotos: Rafael Augusto | Pascom Campina Grande (PB)