Comemorando os seus 106 anos de vida e missão (1918-2024), neste Ano da Oração, preparando o Jubileu 2025 (Peregrinos da Esperança), a Diocese de Nazaré reuniu, de forma inédita, neste domingo, 4 de agosto de 2024, lideranças de todas as paróquias e áreas pastorais, bem como as coordenações diocesanas, para um dia de espiritualidade, que foi culminado com a santa missa, na Catedral Nossa Senhora da Conceição, presidida pelo bispo diocesano, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena.
Uma multidão de fiéis lotou a Catedral Diocesana, em Nazaré da Mata-PE, para a grande Celebração da Diocesaneidade, que encerrou a Semana da Igreja vivenciada por todas as comunidades paroquiais da Igreja Nazaré, no período de 29 de julho a 3 de agosto de 2024. Padres, religiosos(as), seminaristas e leigos realizaram uma série de atividades durante toda a semana: visitas às famílias, encontros de formação e espiritualidade, missas, além do estudo da coleção “Cadernos sobre a Oração”.
Em sua homilia, Dom Lucena enfatizou que todos são chamados a ser Igreja a partir da Igreja local (diocesaneidade): “a diocese é plena e totalmente a Igreja de Cristo, porque possui todos os elementos constitutivos da Igreja de Nosso Senhor. Todas as notas constitutivas da Igreja: una, santa, católica e apostólica. É a Igreja plena e total. Vivendo a diocesaneidade na sinodalidade, que é o caminhar juntos de todos os agentes eclesiais, tendo por meta o anúncio permanente da alegria do Evangelho”.
Em alusão ao mês vocacional, rezando por todas as vocações, com o tema “Igreja: uma sinfonia vocacional” e lema: “Pedi, pois, ao Senhor da Messe” (Mt 9,38), o prelado disse: “neste primeiro domingo de agosto, recordamos a vocação aos ministérios ordenados, e somos convidados a rezar por todos os diáconos, padres e bispos, para que sejam perseverantes em sua vocação. E, ainda, pedir a Deus mais operários para a messe, pois a messe é grande e os operários são poucos. Temos que rezar para que mais jovens deem o sim a Deus e perseverem no caminho, pois sem sacerdotes não teremos Eucaristia e sem Eucaristia não teremos Igreja”.
ENCONTRO DE LIDERANÇAS PAROQUIAIS
Um encontro de espiritualidade com todas as lideranças diocesanas e paroquiais marcou o início da Celebração da Diocesaneidade. O evento aconteceu no Centro Diocesano de Pastoral (CDP), em Carpina-PE, das 8h às 15h, e contou com momentos de oração, palestra e show. A acolhida e animação iniciais foram feitas por integrantes do Treinamento de Liderança Cristã (TLC).
“Da nossa 23ª Assembleia Diocesana de Pastoral, nasceu essa proposta de fazermos este dia de espiritualidade, vivendo a diocesaneidade como expressão de comunhão da Diocese de Nazaré. Este encontro de hoje, sem dúvida, é uma bela expressão de comunhão, participação, sinodalidade. […] Um encontro singular; a primeira vez que reunimos todas as lideranças diocesanas e paroquiais para celebrar, conviver, partilhar”, disse o coordenador diocesano de pastoral, padre Pedro Nascimento.
A oração de abertura foi conduzida pelo reitor do Seminário Maior Rainha dos Apóstolos, padre Cleiton Barbosa, juntamente com alguns seminaristas, que também ministraram um momento de louvor. Foram recebidos, na ocasião, no Espaço de Evangelização Dom Helder Câmara, a réplica da imagem primitiva da padroeira diocesana, Nossa Senhora da Conceição, símbolos representativos das regiões pastorais, o Círio Pascal e o Evangeliário.
Refletindo sobre o Evangelho de Jo 17,17-23, padre Cleiton convidou todos a viverem a experiência da unidade, apesar da diferenças e da pluralidade existente na diocese. “Na grande diversidade que existe em cada uma das nossas paróquias, o Senhor nos chama a ser perfeitos na unidade. Fruto de uma Igreja que está unida a Deus pela oração, pelo modelo de oração do próprio Jesus. Só assim viveremos aquilo que chamamos de diocesaneidade”, falou. E ressaltou: “Fazemos um papel bonito de liderança no serviço”.
O momento orante foi concluído com a Oração do Jubileu de 2025, Peregrinos da Esperança, neste Ano da Oração convocado pelo Papa Francisco.
Na sequência, o bispo diocesano introduziu seu discurso citando o Concílio Vaticano II, declarando que a Igreja do Vaticano II é a que serve, a Igreja de portas abertas. “O Concílio nos ensina a estar no mundo como servidores do Reino de Deus. […] Redescobrir o Concílio para devolver a primazia a Deus, ao essencial: a uma Igreja que seja louca de amor pelo seu Senhor e por todos os homens por Ele amados; uma Igreja que seja rica de Jesus e pobre de meios; uma Igreja que seja livre e libertadora. […] Reencontrar a alegria: uma Igreja que perdeu a alegria perdeu o amor”.
Acerca da Celebração da Diocesaneidade, exprimiu: “com a vivência da Diocesaneidade se quer fortalecer as estruturas das Igrejas Particulares, pela via da sinodalidade, que é o ‘caminhar juntos’ de todos os agentes eclesiais, tendo por meta o anúncio permanente da Alegria do Evangelho”.
E, referindo-se aos 106 anos da diocese, bem como ao Ano da Oração, concluiu: “é um momento que deve enriquecer espiritualmente a vida da Igreja e de todo o povo de Deus, tornando-se um sinal concreto de esperança. Recuperemos o desejo de estar na presença do Senhor, de ouvi-Lo e de adorá-Lo. Um momento privilegiado para redescobrir o valor da oração; a necessidade da oração cotidiana na vida cristã – como rezar e, sobretudo, como educar para a oração hoje, na era da cultura digital”.
A palestra do encontro foi ministrada pelo coordenador diocesano do Serviço de Animação Vocacional (SAV), padre Aluísio Ramos, que começou explorando as dimensões do ser humano (social, biológica, psíquica e mística) para trabalhar a questão da espiritualidade como algo inerente à realidade humana. “A abertura para a eternidade é uma condição intrínseca ao homem, que está sempre em busca de sentido para sua existência”, pontuou.
Para tanto, apresentou a diferença entre religião e mística, apontado esta última como a busca incansável pelo que há de mais elevado na condição humana. Falou, também, sobre a relação entre espiritualidade, oração e fé, com base nos livros que incluem a coleção proposta para o Ano da Oração.
“Se perdermos a mística, desembocamos na religião. A religião deprime e cansa, não tem compromisso ético com a mudança de vida; a espiritualidade alegra e liberta. A realidade orante inclui a escuta e a prática. A base de tudo isso (da fé, da oração) é a Páscoa. É preciso voltar à fonte da nossa existência”, salientou.
O encontro de espiritualidade, com as lideranças diocesanas e paroquiais da Diocese de Nazaré, foi encerrado com um show do padre Diego e banda.
* Imagem de capa: Pascom Nazaré