A 24ª Assembleia Diocesana de Pastoral (24ª ADP) começou, na manhã desta sexta-feira, 8 de novembro de 2024, com um momento oracional organizado e conduzido pela Equipe Diocesana de Liturgia. A temática abordada na edição deste ano foi: “Por uma espiritualidade de comunhão na práxis evangelizadora”; o palestrante foi o Pe. Paulo Sérgio (Diocese de Campina Grande-PB).
Em sua mensagem de abertura, o bispo diocesano, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, acolheu todos os participantes, convidando-os a refletir sobre a espiritualidade de comunhão na prática evangelizadora e a destacar o que deve ser assumido em cada pilar para o ano de 2025 e o para a vivência do Jubileu da Esperança.
“Percorramos o caminho da sinodalidade, de comunhão, participação e missão, conscientes de termos sido chamados a refletir a luz do nosso sol, Cristo, como uma lua pálida que assume, fiel e alegremente, a missão de ser para o mundo sacramento daquela luz, que não parte de nós mesmos. Que esta assembleia diocesana de pastoral represente este ‘caminhar juntos’ do povo de Deus”, animou.
“Com o coração cheios de esperança e de gratidão, conscientes da exigente tarefa a nós confiada, desejo a todos que se abram com disponibilidade à ação do Espírito Santo, nosso guia seguro e nossa consolação. Confiemos os trabalhos de nossa assembleia diocesana a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de nossa diocese”, concluiu seu discurso.
Na ocasião, após a fala do prelado, a Ir. Wilma (Filhas de Sant’Ana) apresentou o projeto Jovem Empreendedor (do Centro Social Madre Virgínia), que está competindo na categoria Projeto Social Jogo da Vida, na Emenda Parlamentar Túlio Gadelha 2024. “A concorrência é grande e nosso desafio é conseguir o maior número de votos para, mais uma vez, sermos beneficiados pelo Projeto Social Jogo a Vida, a fim de termos a oportunidade de atender cada vez mais adolescentes e jovens”, disse.
Para votar, basta acessar o seguinte link: https://emendas.tuliogadelha.com.br/emendas/cesmav-qualificacao-profissional-para-jovens/, validar através do código recebido pelo WhatsApp e registrar seu VOTO. Ajude a divulgar!
POR UMA ESPIRITUALIDADE DE COMUNHÃO NA PRÁXIS EVANGELIZADORA
Em sua explanação sobre o tema da assembleia, padre Paulo Sérgio trouxe, inicialmente, algumas noções sobre o conceito de espiritualidade, explicando que a espiritualidade cristã se refere a um modo de vida, à vida em sua totalidade e radicalidade: “a espiritualidade cristã é compreendida como seguimento de Jesus Cristo ou como vida segundo o Espírito de Jesus Cristo. Numa palavra, a espiritualidade cristã significa viver como Jesus viveu. Essa espiritualidade diz respeito a todos os aspectos e a todas as dimensões da vida cristã: pessoal, eclesial e cultural”.
Na sequência, discorrendo sobre sinodalidade, comunhão e colegialidade, o palestrante definiu a sinodalidade como sendo “a expressão concreta da colegialidade e da comunhão na Igreja enquanto corpo místico de Cristo”; evidenciando que a Igreja diz respeito a todo o povo de Deus na sua diversidade:
“A eclesiologia do povo de Deus sublinha a comum dignidade e missão de todos os batizados no exercício da multiforme e ordenada riqueza dos seus carismas, das suas vocações, dos seus ministérios. Todos são responsáveis pela caminhada na Igreja, cada um na missão, na função que lhe compete”, pontuou.
Sendo assim, a comunhão consiste na substância profunda do mistério e da missão da Igreja, que tem na reunião eucarística a sua fonte e o seu cume (a união com Deus Trindade e a unidade entre as pessoas humanas). E a sinodalidade se realiza concretamente no caminhar juntos, reunir-se em assembleia e participar ativamente da missão evangelizadora.
“O conceito de sinodalidade recorda o comprometimento e a participação de todo o povo de Deus na vida e na missão da Igreja”. Dessa forma, a partir de um significado teológico, elucidou que a colegialidade é, portanto, “a forma específica na qual a sinodalidade eclesial se manifesta e se realiza através do ministério dos bispos no nível da comunhão entre as Igrejas particulares em uma região e no nível da comunhão entre todas as Igrejas na Igreja universal”.
- Diocesaneidade
O palestrante reiterou que o seguimento de Jesus é vivido dentro de uma Igreja particular, “a nossa vida cristã se realiza dentro de uma diocese”. Daí o conceito de diocesaneidade como um sentimento, uma experiência de pertença a uma Igreja local, denominada (arqui)diocese. E isso corresponde não só a hierarquia da Igreja, mas a todo o povo de Deus.
A partir do Vaticano II, explicou: “a Igreja [reunida e alimentada pela Palavra e Eucaristia] assume uma estrutura colegial, desde a colegialidade dos bispos com o Papa até as comunidades mais simples. A Igreja passa a se entender como uma comunhão de Igrejas locais, coloca-se a serviço da salvação da humanidade, nasce do Mistério Trinitário, vive dele e volta para ele”.
Em seguida, aprofundou a compreensão dos termos comunhão, participação e missão: o primeiro referindo-se à comunhão a que a humanidade, enquanto Corpo Místico de Cristo, é chamada (pelo Pai, por Cristo e no Espírito Santo) a participar na vida Trinitária; depois, essa comunhão e participação na vida Trinitária impele a nos tornarmos sujeitos e não meros expectadores da vida eclesial (onde todos são irmãos); por fim, a missão, que é de todo o povo de Deus, de anunciar e instaurar o Reino de Deus entre as nações.
- Paradigmas e vivências do discipulado em comunhão
Neste tópico, padre Paulo Sérgio enfatizou, a princípio, a natureza da Igreja como sacramento, sinal e instrumento de união com Deus e de todo o gênero humano. Explorou o assunto a partir de alguns pontos:
O primeiro destacando a unidade como koinonia, como comunhão que se estabelece na diversidade de dons, tarefas e funções, mas formando um único corpo vital, unido profundamente a Cristo, na oração diária, escuta da Palavra e participação nos sacramentos.
Apontou, em resumo, as qualidades da koinonia: plural – não monótona ou uniforme (diversidade Rm 12, 4-5); orgânica – não mecânica (dinamismo, crescimento); vital – não apenas funcional (fecundidade); estrutural – não apenas invisível ou espiritual (ministerial, servidora).
Num segundo momento, a partir da passagem dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), explanou a ideia do caminho como lugar teológico e modelo da Igreja, que se estabelece através do encontro (e diálogo) com o Senhor, da escuta da Palavra, da fração do Pão e da missão.
Cada um de nós, ele disse, se apresenta com um desses discípulos, marcados pelo sofrimento, desânimo, crise existencial. A iniciativa de se aproximar é de Jesus: que se põe a caminhar junto, sentir nossas necessidades, interessando-se por nossa história e explicando-lhes a lógica diferente do plano de Deus, na qual o sofrimento integra o desígnio divino de modo a purificar e conduzir à perfeição.
Durante o caminho, a partir da desilusão dos discípulos, Jesus revela-se e ilumina-os, estimulando-os, explicando-lhes as Escrituras, fazendo-lhes arder o coração e conduzindo-os à mesa da Eucaristia. Tudo com a finalidade de motivar para a missão. Este é um “itinerário de fé que cria o discípulo missionário a partir do encontro, da palavra e da missão. […] Emaús não é um acontecimento isolado da história, mas uma experiência da comunidade que crê em Jesus e segue o caminho do discipulado”, ressaltou. Quando os olhos dos discípulos se abrem, e eles reconhecem a presença do ressuscitado na comunidade de irmãos, retornam, então, para Jerusalém, ao ponto de partida, pondo-se a caminho para encontrar os outros e contar-lhes a alegria do encontro com o Mestre. “Mostrar o caminho àqueles que querem ser discípulos de Jesus significa fazer a leitura e releitura do caminho de Emaús”, destacou.