Teve início, na manhã desta sexta-feira (19), a 21ª Assembleia Diocesana de Pastoral, de caráter avaliativo e propositivo. O encontro acontece no Centro Diocesano de Pastoral (CDP), em Carpina-PE, e reúne o clero, seminaristas estagiários, religiosos(as), leigos(as) e representantes dos diversos movimentos, serviços e pastorais da Igreja Particular de Nazaré. A conferência de abertura foi realizada pelo bispo de Guarabira-PB, Dom Aldemiro Sena dos Santos, também referencial para a missão no Regional NE2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Inicialmente, foi feita uma oração inicial conduzida por alguns padres e leigos da Região Pastoral Goiana. Cânticos, acolhida à Palavra de Deus e breve partilha da Sagrada Escritura, mais especificamente dos Atos dos Apóstolos (At 8,26-30), de onde foi extraído o lema da assembleia, marcaram o momento.
Padre Antonio Inácio, vigário geral da Diocese de Nazaré, fez uma retrospectiva das celebrações e circunstâncias que antecederam e prepararam a assembleia diocesana: a comemoração dos 100 anos de Vida e Missão e, na ocasião, a realização do I Congresso Eucarístico Diocesano; os quatro pilares que sustentam a caminhada pastoral da Igreja no Brasil (Palavra, Pão, Caridade, Missão), como proposto pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023); a pandemia do novo coronavírus (foi feito um instante de silêncio pelas vítimas da Covid-19); o Congresso Eucarístico Nacional (CEN) e o Sínodo dos Bispos 2023.
Acolheu-se, ainda, de forma solene: a Revista Comemorativa do centenário, que traz um registro da história da diocese no primeiro século de sua existência, o Plano Diocesano de Pastoral (2020-2023) e a imagem da padroeira diocesana, Nossa Senhora da Conceição.
Na sequência, o coordenador diocesano de pastoral, padre Pedro Nascimento, fez uma acolhida aos presentes. “É com este entusiasmo, este encanto que damos início à nossa assembleia diocesana. Fizemos um caminho longo até aqui (as paróquias, os regionais), e vamos gerar novos encaminhamentos pastorais, iluminados pela Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, pelo Sínodo dos Bispos 2023 e pelo Congresso Eucarístico Nacional”, disse.
Em seu pronunciamento de abertura, o bispo diocesano, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, recordou o tema: “Igreja, somos todos a caminho” e lema: “Prepara-te e vai” (At 8,26) da 21ª assembleia pastoral, declarando que eles representam uma continuidade dos trabalhos que já vêm acontecendo desde 2019 e que não cessaram durante a pandemia, mas precisaram ser reinventados – novos métodos e estratégias.
“Caminhando, não parando. Esta assembleia nos anima e fortalece para esta ação que é pessoal e comunitária: paroquial, diocesana, regional. Vejamos o que há no plano e o que vamos trabalhar juntos em 2022, nesta caminhada de comunhão. Coloquemos nossos trabalhos sob o manto da nossa padroeira diocesana”, animou o bispo.
Em suas primeiras palavras, o assessor do encontro afirmou que esta assembleia é uma continuação de passos firmes que têm sido dados até agora. “Todo um caminho foi trilhado até aqui. Esse peregrinar precisa ser vivido em comunhão, na fraternidade dos que se apoiam e sustentam uns aos outros. […] Assim como aquele povo, do Antigo Testamento, foi o povo a caminho, nós, que estamos aqui, também somos esse povo da aliança, peregrino, a caminho, na história de hoje”.
E prosseguiu: “É um caminho com obstáculos, dificuldades. É preciso gentileza, generosidade para compreender a todos em seu tempo, em seu próprio ritmo, e coragem para continuar avançando quando tudo parece ser força contrária. O plano pastoral precisa ser um caminho percorrido com coragem”, enfatizou.
Dom Aldemiro Sena trabalhou o tema do Sínodo: “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”, assunto de suma importância, segundo ele, tendo em vista o convite insistente do Papa Francisco para que todos acompanhem a dinâmica do Sínodo, vivenciando uma caminhada de comunhão e participação.
“Em sua natureza, a Igreja é sinodal, que significa, literalmente, ‘caminhar juntos’. A Palavra de Deus é a condutora da caminhada do povo. É preciso redescobrir a força da comunhão que só o Espírito do Ressuscitado pode conceder à Igreja, para que a nossa missão seja efetiva no mundo, na história. Abramo-nos à atuação do Espírito, para que não percamos a nossa identidade, no que diz respeito ao fortalecimento de uma cultura cristã de comunhão. Para que isso aconteça, todos nós precisamos estar empenhados nessa dinâmica”, explicou.
O bispo de Guarabira fez uma apresentação sucinta das três fases que compõem “O Caminho do Sínodo”: 1ª fase – Igrejas Particulares (outubro de 2021 a 15 de agosto de 2022, data prorrogada pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos), 2ª fase – Continental (setembro de 2022 a março de 2023), 3ª fase – Igreja Universal (outubro de 2023, no Vaticano). Para auxiliar no processo de consulta em vista do sínodo, a Secretaria Geral do Sínodo divulgou o documento preparatório e o Vade-mécum da Assembleia sinodal de 2023.
No Vaticano, a abertura do Sínodo foi feita pelo Papa nos dias 09 e 10 de outubro deste ano. A etapa diocesana foi aberta no dia 17 de outubro de 2021. Na Diocese de Nazaré, uma missa na Catedral, em Nazaré da Mata-PE, presidida por Dom Lucena, marcou a abertura. Todas as paróquias, áreas e setores pastorais estiveram em unidade e dedicaram a primeira missa do dia, nas matrizes, à abertura desta primeira fase sinodal. Na ocasião, foi lida uma carta do bispo diocesano, motivando a vivência deste tempo de comunhão, reflexão e escuta.
No dia 23 de outubro, a Diocese de Nazaré promoveu, pelo canal no Youtube Pascom Diocese de Nazaré, uma live formativa sobre a etapa diocesana do Sínodo dos Bispos. A formação foi realizada pelo padre Aluísio Ramos (representante do clero de Nazaré) com mediação do padre Pedro Nascimento. Juntos, eles refletiram sobre tópicos como sinodalidade, escuta, eclesialidade, mudança pastoral, evangelização, dentre outros.
“Esta é a primeira vez na história que um sínodo acontece de forma descentralizada, porque conta com a contribuição e reflexão de todo o povo de Deus: Igrejas Particulares, clero, religiosos(as), leigos(as)”, pontuou o assessor, recordando que esse processo de escuta deve abranger todos os batizados, e ressaltando que é indispensável atentar-se ao que o Espírito diz às Igrejas.
O bispo referencial para a missão no Regional NE2 da CNBB insistiu que essa é uma oportunidade ímpar para que as dioceses e também os continentes, em diálogo, façam um discernimento que dê voz à sua experiência local, visto que há uma grande abertura no pontificado de Francisco para uma consulta e participação maior do povo de Deus, representado não só pelo clero, mas pelos diversos institutos, novas comunidades, movimentos, serviços e pastorais.
“O processo sinodal não é apenas uma assembleia dos bispos, mas propõe uma escuta de todos sobre a vida e a caminhada da Igreja. O Papa chama a Igreja a redescobrir a sua natureza sinodal. A Igreja é chamada a desempenhar um papel de comunhão, missão e participação neste terceiro milênio”, asseverou. E questionou: “O que nós, enquanto Igreja, queremos para o terceiro milênio?”.
Num dado momento, Dom Aldemiro falou dos objetivos do Sínodo 2023. O principal objetivo, como destacou, é proporcionar uma oportunidade para que todo o povo de Deus possa discernir, em conjunto, a partir dos 10 temas propostos para a escuta, como progredir no caminho para ser uma Igreja mais sinodal em longo prazo.
“A sinodalidade é o caminho para todo o povo de Deus. É no caminho que os discípulos fazem a experiência da escuta. É no caminho que Jesus cura, ensina e faz o bem, como se percebe nos Evangelhos. A sinodalidade qualifica a vida e a missão da Igreja, exprimindo a sua natureza como povo de Deus que caminha em conjunto”, disse.
Os outros objetivos (específicos) citados por ele foram: discernir o que o Espírito diz às Igrejas; avançar nas dimensões da participação e corresponsabilidade; inspirar as pessoas a sonharem com a Igreja que somos chamados a ser; fazer florescer a esperança nas pessoas, estimular a confiança; vendar as feridas, tecer relações novas e mais profundas dentro das nossas experiências paroquiais e diocesanas; iluminar as mentes, aquecer os corações e dar força, novamente, às nossas mãos para a missão comum; renovar a mentalidade e as estruturas eclesiais, a fim de vivermos o chamamento que Deus faz às Igrejas diante dos atuais sinais dos tempos.
Na base de tudo isso, dando sentido aos objetivos apontados, estão as palavras-chaves do processo sinodal, presentes no próprio tema: comunhão (povos diversos em uma só fé, através da aliança que o Senhor mesmo oferece ao seu povo, cuja fonte e principio é o amor e a unidade da Trindade), participação (todos os fiéis devem estar capacitados a colocarem a serviço uns dos outros os dons que receberam do Espírito Santo), missão (a Igreja existe para evangelizar, testemunhar o amor de Deus no meio de toda a família humana. Não podemos ficar centrados em nós mesmos). “O processo sinodal tem uma dimensão profundamente missionária”, destacou.
Após um breve intervalo, o bispo da Diocese de Guarabira aprofundou a questão da experiência sinodal a nível local, nas Igrejas Particulares, caracterizando-a como um amplo processo de escuta vivenciado nas diferentes articulações: pastores, diáconos e fiéis nos mais variados níveis. “Essa é uma riqueza muito grande para a caminhada da Igreja universal e particulares, que servirá para os próximos anos da nossa caminhada pastoral”, evidenciou.
Para tanto, insistiu, “é preciso desenvolver bem essas experiências nas nossas comunidades, assegurando que o maior número de pessoas e grupos possam participar. É preciso que haja parcerias para que o processo de escuta aconteça; é preciso ir aonde o povo está, inclusive os que estão afastados da vida da Igreja. Eles podem trazer ricas contribuições para essas discussões. Todos os batizados devem ser ouvidos, os que estão dentro e fora da vida da Igreja. Ninguém pode ficar de fora! É preciso ter tempo para a partilha e humildade para escutar; o diálogo nos conduz à novidade”.
Dom Aldemiro lembrou, contudo, que a sinodalidade não existe sem a autoridade do colégio episcopal, afirmando que o primeiro mentor desse processo de escuta na diocese é o bispo, seguido dos sacerdotes e diáconos. E fez algumas provocações: “Este Sínodo coloca uma questão fundamental: uma Igreja Sinodal, ao anunciar o Evangelho, caminha em conjunto. Como esse caminho em conjunto acontece na Igreja local? Que passos temos que dar para que se concretize esse caminhar juntos? Que experiências na Igreja Particular essa questão fundamental traz à mente? ”.
Por fim, o assessor da 21ª Assembleia Diocesana de Pastoral relembrou algumas proposições definidas pelo Regional NE2 da CNBB para o próximo ano:
– Fomentar a ministerialidade da Igreja (ministérios extraordinários), a fim de que as igrejas sejam ministeriais – o que não substitui ou exclui o trabalho dos ministros ordenados;
– Criar equipes para trabalhar a escuta e o aconselhamento – pessoas preparadas nas paróquias e dioceses;
– Formação continuada para os agentes de pastoral em vista da cultura da comunhão;
– Reestruturar a formação permanente do clero e leigos – atingir todos os públicos da diocese;
– Fomentar as estruturas de comunhão e participação: trabalhar, em todos os níveis, a cultura dos conselhos eclesiais, como instrumentos para a escuta, reunião e participação – valorização dos vicariatos, foranias e regiões pastorais;
– Priorizar o trabalho com aquilo que é proposto pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023);
– Motivar a participação dos leigos e leigas nos conselhos municipais;
– Imbuir-se do espírito do Congresso Eucarístico Nacional (CEN), que acontecerá de 11 a 15 de novembro do próximo ano, na Arquidiocese de Olinda e Recife: promover gestos concretos nas dioceses para a vivência do tema do congresso, dedicar a festa de Corpus Christi como dia “D” do CEN, promover uma semana eucarística em cada paróquia como preparação para o evento e compartilhar o texto-base e os materiais do congresso com as pessoas.