O bispo diocesano de Nazaré, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, está participando da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, onde estão reunidos jovens do mundo inteiro, no período de 1 a 6 de agosto de 2023. Na manhã desta quarta-feira (2/8), data de Criação da Igreja Particular de Nazaré (105 anos), inclusive, o prelado realizou uma catequese na Paróquia São Pedro de Alverca, próxima de Lisboa.
O trecho bíblico proposto foi Lucas 1,39-45 (“Maria levantou-se e partiu apressadamente para a região montanhosa” – Lc 1,39), no qual está contido o tema geral da JMJ Lisboa 2023, e a temática de reflexão foi: Ecologia Integral.
Esses encontros Rise Up, como são chamados, foram organizados com a colaboração do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e acontecem nas manhãs dos dias 2, 3 e 4 de agosto, com a presença de bispos do mundo inteiro. O objetivo é promover, junto aos jovens, reflexões sobre temais sociais importantes do pontificado do Papa Francisco.
Esses momentos são realizados em igrejas e ou em espaços próximos aos locais de acolhimento de peregrinos. Serão cerca de 270 espaços e estão organizados por mais de 30 idiomas, para proporcionar reflexão, escuta e partilha.
* Com informações da noticias.cancaonova.com
CONFIRA, ABAIXO, A ÍNTEGRA DA CATEQUESE DO BISPO DIOCESANO DE NAZARÉ, DOM FRANCISCO LUCENA, NA JMJ 2023, NA MANHÃ DESTA QUARTA-FEIRA, 2 DE AGOSTO:
Jovens, estamos juntos nesta JMJ, em Lisboa, até o próximo dia 06, com o Papa Francisco.
“Maria levantou-se e partiu apressadamente para a região montanhosa”. Esta expressão faz a ponte entre a Anunciação do Anjo a Nossa Senhora e a Visitação à Sua prima Isabel (cf. Lc 1, 39). O Evangelho de São Lucas abre praticamente com a visitação do Anjo Gabriel a Zacarias e a Maria. A Deus nada é impossível. Deus opera para além dos nossos limites racionais. A palavra de Deus desinstala-nos, inquieta-nos, põe-nos em movimento. Mau será quando a Palavra de Deus já não nos inquietar, quando nos deixar ficar como antes e/ou sentadinhos, à espera que a vida aconteça. A palavra de Deus é viva e eficaz!
Maria nos ensinou e nos ensina a dizer “sim”. Jovens que disseram “sim”, como Maria, agora são chamados à prontidão do anúncio. Maria nos ensinou e nos ensina a dizer “sim”.
Nesta JMJ, em Lisboa, olhemos para Maria e aprendamos com Ela a comunicar Jesus. Ela nos ensinou, e nos ensina, a dizer “sim” à vontade de Deus, agora; Ela nos ensina a capacidade do encontro. Encontrar-se com os outros e ser capaz de compartilhar com eles o que possuímos dentro de nós. A Igreja é portadora de Jesus. Jesus mesmo, com seu amor infinito por cada um de nós, com a sua salvação e com a vida nova que nos deu. “E Maria é o modelo de como acolher este imenso dom na nossa vida e comunicá-lo aos outros, fazendo-nos, por nossa vez, portadores de Cristo, portadores do seu amor compassivo, do seu serviço generoso à humanidade sofredora”. Jovem, ao encontrar-se com Jesus, como Maria, seja um Jovem Missionário(a)!
É um desafio para os jovens de hoje a missionariedade, porque esta exige o comprometimento, e o mundo não vos ajuda; pelo contrário, vos faz mergulhar em uma “pressa não saudável”, uma pressa que, ao invés de vos levar à ação, vos leva a fugir das ocasiões ou vivê-las superficialmente. Vocês correm o risco de, no lugar de vos dar aos outros, querer vos reter para vós mesmos e, assim, serem afogados no egoísmo, no egocentrismo. A Virgem Maria nos ensina a não viver para si, mas a viver para os outros. Vós, como Maria, estais no auge da vossa vida e não podeis desperdiçar o vigor da vossa juventude afogados na tentação de viver somente para vós mesmos.
Lembro aqui o Papa Francisco que escreve a vocês, jovens: os jovens são “enamorados por Cristo, os jovens são chamados a dar testemunho do Evangelho em toda parte, com a sua própria vida”.
Santo Alberto Hurtado dizia que “ser apóstolo não significa usar um distintivo na lapela do casaco; não significa falar da verdade, mas vivê-la, encarnar-se nela, transformar-se em Cristo. Ser apóstolo não é levar uma tocha na mão, possuir a luz, mas ser a luz. […] O Evangelho […], mais do que uma lição, é um exemplo. A mensagem transformada em vida vivida”. A nossa vida é o Evangelho mais lindo que temos para anunciar. Como Maria, testemunhemos o que vivemos!
Lembro aqui que a Igreja conta convosco. A Igreja precisa da vossa juventude e da vossa radicalidade em seguir Jesus. Não tenhais medo de vos comprometer. Vós sois o “agora de Deus”! Precisam ser ousados e levar muitos outros jovens para Deus. Olhai o que diz o Papa Francisco para vós: “Que o Espírito Santo acenda nos vossos corações o desejo de vos levantardes e a alegria de caminhardes todos juntos, em estilo sinodal, abandonando falsas fronteiras. O tempo de vos levantardes é agora. Levantai-vos apressadamente! E, como Maria, levem Jesus dentro de vós, para comunicar Jesus a todos. Neste belíssimo momento da vossa vida, avançai, não adieis o que o Espírito Santo pode realizar em vós! Sejam abençoados os vossos sonhos e os vossos passos”.
O verbo levantar-se significa também despertar para a vida. Então, despertemo-nos! Maria partiu apressadamente, sim, mas não partiu à toa. Partiu apressadamente porque se tinha encontrado, tinha descoberto o seu projeto, o que realmente movia o seu coração.
Vamos, jovens! Levantemo-nos! Prontidão! O mundo precisa conhecer o Jesus que nós conhecemos. Os nossos irmãos estão sedentos de Cristo e estão esperando por nós.
Caminhemos juntos com a Virgem Maria; com Maria aprendemos o caminho da proximidade e do encontro. Vocês, jovens, são a esperança de união para a humanidade, que se encontra fragmentada e dividida.
ECOLOGIA INTEGRAL
Pensar no significado da Ecologia Integral. Olhar a nossa CASA COMUM. Comparada a uma boa mãe, uma irmã, São Francisco de Assis dizia: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, mãe terra, que nos sustenta”.
No Gênesis, na obra criadora de Deus está a criação do homem e da mulher. O ser humano é criado por amor, feito à imagem e semelhança de Deus. Fomos concebidos no coração de Deus. Cada um de nós é querido, amado por Deus e necessário para Deus. Daí nossas relações fundamentais com DEUS, com o PRÓXIMO e com a TERRA.
O pecado manifesta-se, hoje, com toda força de destruição, violência, guerras, ataques contra a natureza…
Não somos Deus. A terra existe antes de nós. Deus reconhece “o quanto havia crescido a maldade das pessoas”. Deus decidiu abrir um canal de salvação através de Noé; […] proteger o homem da destruição de si mesmo.
Deus deseja atuar conosco e contar com a nossa cooperação. Colaborar com o Criador. A meta do caminho do universo situa-se na plenitude de Deus, que já foi alcançada por CRISTO RESSUSCITADO. O ser humano, dotado de inteligência e amor, e atraído pela plenitude de Cristo, é chamado a reconduzir todas as criaturas ao seu CRIADOR.
Todas as coisas existem na dependência umas das outras, para se completarem mutuamente no serviço umas das outras. Nenhuma criatura se basta a si mesma.
TUDO O QUE EXISTE É UM REFLEXO DE DEUS. “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as criaturas”.
JESUS convida os discípulos a RECONHECER a relação paterna que Deus tem com as criaturas. Convida-nos a estar atentos à beleza que existe no mundo. A natureza, contemplar a beleza semeada por seu Pai. “O Reino dos Céus é como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no campo”. JESUS vivia em plena harmonia com a criação, despertando admiração nos outros: “Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mt 8,27). “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria?” (Mc 6,3).
O NT não nos fala só de Jesus terreno e da sua relação concreta e amorosa com o mundo, mostra-o também como ressuscitado e glorioso, presente em toda a criação. As criaturas deste mundo já não nos aparecem como uma realidade meramente natural, porque o Ressuscitado as envolve misteriosamente e guia para um destino de plenitude. As próprias flores do campo e as aves que Jesus, admirado, contemplou com os seus olhos humanos, agora estão cheias da sua presença luminosa.
Vivemos uma nova era. A tecnologia, dificuldades, fragmentação… a cultura ecológica não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição – relativismo prático.
A ECOLOGIA INTEGRAL que não exclua o ser humano. Incluir o valor do trabalho. O homem é o protagonista, o centro e o fim de toda a vida econômica e social.
MARIA, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo ferido. Maria não só conservava no seu coração toda a vida de Jesus, que “guardava” cuidadosamente, mas agora compreende também o sentido de todas as coisas. Por isso, podemos pedir a Maria que nos ajude a contemplar este mundo com um olhar mais atento, com sabedoria.
ECOLOGIA INTEGRAL é falar sobre meio ambiente e a urgência de uma reflexão sobre a preservação, renovação dos recursos naturais…
O termo “ecologia integral” não define apenas ecologia com meio ambiente, florestas e temas óbvios associados a ela. Mas as consequências do modelo econômico que levaram o planeta ao estágio de degradação social e ambiental da atualidade.
O conceito de ecologia integral tem sido muito citado na atualidade e nos é proposto pelo Papa Francisco em sua Encíclica “Laudato Si – Louvado Seja – sobre o cuidado com a Nossa Casa Comum, a irmã e Mãe Terra”.
Na encíclica, o Papa propõe uma reflexão sobre a relação profunda existente entre todas as criaturas do nosso planeta. Uma ecologia integral inclui claramente as dimensões humanas e sociais (Laudato Si, 137).
Papa Francisco ressalta que “tudo está interligado”: a natureza e a sociedade que a habita. O termo ecologia tem um significado mais profundo de meio ambiente, verde… A ecologia integral, compreendendo as dimensões humanas e sociais.
A ecologia integral nos propõe uma nova maneira de entender a relação entre todas as criaturas do nosso planeta na dimensão ambiental, econômica, social, cultural e vida quotidiana.
“Isto significa que nos desenvolvemos como seres humanos com base em nossos relacionamentos conosco mesmos, com os outros, com a sociedade em geral, com a natureza/meio ambiente e com Deus” (Instrumentum Laboris do Sínodo Amazônico, 47).
Inspirado em São Francisco de Assis, o Papa Francisco afirma que o santo é o exemplo, por excelência, do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade.
“Manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados. (…) Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior” (Laudato Si, 10).