Um momento formativo sobre a terceira edição típica do Missal Romano reuniu padres, diáconos e seminaristas maiores da Diocese de Nazaré na manhã da última sexta-feira, 1º de dezembro de 2023. O evento aconteceu no Centro Diocesano de Pastoral (CDP), em Carpina-PE, e foi assessorado por Dom Jerônimo Pereira Silva, OSB, monge beneditino e doutor em Liturgia, também professor na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Em seu pronunciamento de abertura, após a oração inicial, o bispo diocesano de Nazaré, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, agradeceu o esforço de todos os padres em se fazer presentes – alguns deles em festa, celebrando Nossa Senhora da Conceição –, convidou-os a aproveitarem ao máximo o encontro, recordou que não se trata de um novo missal e insistiu na importância de se prestar atenção às rubricas, ricas em informações e instruções.
“O que é (Teologia)? De onde vem (História)? O que tem (Conteúdo)? Como usar (Ars Celebrandi)?”, com essas indagações, Dom Jerônimo iniciou sua explanação sobre a terceira edição típica para o Brasil do Missal Romano, objetivando colocar os fundamentos necessários, “antes de abrir o livro”, a fimde “relembrar conceitos fundamentais para se chegar às questões”.
Algumas de suas considerações gerais e iniciais foram: chega-se à celebração litúrgica através do livro, promulgado pela autoridade eclesiástica (nele está expresso a fé verdadeira da Igreja); a edição típica do texto orienta a forma “típica” da celebração, o livro/ritual é o “o modelo de prática”, o rito/celebração é a “prática do modelo”, “o modelo da prática” e a “prática do modelo” não são iguais devido a variáveis contextuais.
Acerca disso, lembrou que a Igreja (povo de Deus) se reúne em assembleia para celebrar o mistério pascal (não se celebra outra coisa, a não ser isso), “proclamando as Escrituras, celebrando a Eucaristia, dando graças a Deus por seu dom inefável, […] em Cristo Jesus, pela força do Espírito Santo”, salientando que “a missa [que não tem sobrenome] é sempre a mesma, mas devido às circunstâncias ela nunca é igual”, e, por isso, quem tem a primazia é a “prática do modelo”; uma prática que não pode perder de vista o objeto.
E enfatizou: “o livro litúrgico é um instrumento que serve para que o sujeito vá em direção ao objeto; faz com que o sujeito desvie o olhar de si e veja no objeto o verdadeiro e único motivo da celebração”. E ressaltou a função das rubricas nesse sentido (ricas em teologia, eclesiologia, mariologia, pastoral), com a finalidade de ajudar a manter a atenção ao texto e, consequentemente, a fé.
Ele afirmou que é indispensável entender essas e outras questões, fundamentais, a fim de que se possa dar as respostas adequadas, fazer as escolhas certas (tendo em vista as circunstâncias) e bem celebrar a liturgia. “Minha mãe aprendeu a fé na liturgia, porque ela não fez nenhum curso de teologia”, pontuou.
Quanto a sua estrutura e composição, o Missal Romano é: aberto (sempre em processo de composição), complexo (variedade de códigos polissêmicos), livro do povo de Deus em oração, resposta orante da Igreja às escrituras, a gramática da oração cristã; instrumento de culto; um livro da formação, de estudo e espiritualidade, um verdadeiro símbolo e não um simples livro a ser lido; modelo em tudo para a Igreja (na oração, reverência a Deus, eclesiologia, no fazer teologia, na forma de pensar a mariologia, a teologia do martírio/testemunho).
“É um texto escrito em bom português, compreensível, acessível; segundo a teologia litúrgica da Sacrosanctum Concilium; segundo a eclesiologia da Lumen Gentium; segundo a teologia da Palavra de Deus da Dei Verbum; abertura a todos os povos Ad Gentes; e que contém o Sacramentário: Próprio do Tempo, Ordinário da Missa, Próprio e o Comum dos Santos, Missas Rituais, Missas e orações para diversas necessidades ou circunstâncias, Missas votivas, Missas pelos fiéis defuntos e Apêndices”, explicou.
O assessor falou, ainda, brevemente, acerca do processo de tradução desta 3ª edição típica para o Brasil, sob a responsabilidade da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (CETEL); processo esse que é composto de uma série de critérios bem específicos, dentre eles: fidelidade ao texto original, compreensibilidade em toda a Conferência Nacional; bom Português, a fim de comunicar com fidelidade a um determinado povo, por meio de sua própria língua, etc.
A aprovação dos textos é feita, inicialmente, pelos bispos em Conferência, depois eles são sujeitados ao reconhecimento da Sé Apostólica (Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos). A aprovação final da tradução brasileira do Missal Romano aconteceu na 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB (28/08 – 02/09/2022).
Por fim, Dom Jerônimo Pereira tirou algumas dúvidas e visitou algumas partes do missal para verificar determinadas orações. Dom Francisco Lucena também pontuou algumas questões práticas, necessárias ao bom exercício pastoral a partir do missal. Algumas das novidades que constam nesta terceira edição típica do Missal Romano são:
Inserção do Convite à Oração do Senhor (Inspirada no Rito Ambrosiano); revisão da Oração Coleta, quando dirigida ao Pai; introduziu-se uma série de cfs. nas ant.; introduziu-se onde faltava: “Dize-se o Glória ou o Creio”; recuperou-se a doxologia; a Missa da Vigília em forma prolongada na solenidade de Pentecostes; 12 prefácios foram acrescentados; inclusão do nome de São José (isto é, na II, III e IV); inserção da VII forma de introduzir o Pai-Nosso; inclusão de novos santos Brasileiros; aprovação de melodias adequadas, sobretudo para os textos do Ordinário da Missa, para as respostas e aclamações do povo e para celebrações peculiares que ocorrem durante o ano litúrgico, dentre outras.