Um versículo que narra a admirável decisão de Maria ao ser visitada por um mensageiro de Deus. Trata-se da generosa humildade e obediência de uma mulher de fé, entregando-se de forma inaudita aos desígnios da ação divina.
Diversamente à desobediência que não raramente o povo de Deus manifestou desde a criação até aquele dia, Maria “coopera para a salvação humana com livre fé e obediência. Pronunciou o seu “Fiat” em representação de toda a natureza humana: pela sua obediência, tonou-se a nova Eva, Mãe dos viventes” (CIC, 511).
Neste contexto, vale recordar o primeiro faça-se pronunciado por Deus (Gn 1,3), quando tudo passou a existir do nada; e num segundo momento, Deus chama uma mulher, Maria, e pelo seu sim – faça-se – o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). De um seio virginal é gerado o novo Adão (cf. I Cor 15, 21-22) para a salvação do gênero humano.
Maria, a bendita entre as mulheres, pelo seu “comportamento recorda então a cada um de nós a grave responsabilidade de acolher o plano divino sobre a nossa vida” (Catequese de João Paulo II – 21/09/1996). Nas alegrias da Páscoa do Senhor, Maria é também mencionada como “Virgem dada à Oração” (Marialis Cultus, 18), pois sua presença na Igreja primitiva traduz bem esta dimensão orante: “todos eles perseveraram unanime na oração, juntamente com as mulheres, entre elas, Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1, 14).
Maria, como modelo de fé e de perseverança na oração, é homenageada pelo povo de Deus ocidental no mês de maio (mariano). Tradição que consolidou-se a partir do século XIII, o mês de devoção mariano constitui-se uma oportunidade de aprender a rezar com Maria e a recorrer à sua maternal intercessão, como nos recorda a Carta Encíclica do PAPA Paulo VI, Mense Maio de 1965: “0 mês de Maio nos leva a orarmos com maior intensidade e confiança, e durante ele as nossas súplicas encontram mais fácil acesso até ao coração misericordioso da Virgem Maria”.
As ladainhas, a recitação do terço e do ofício, os hinos de louvores à Mãe de Deus se fazem sentir desde as suntuosas catedrais à igreja doméstica, na realidade brasileira. Por isso, é oportuno manter a tradição do “ditoso mês, mês de alegria” com a consciência de que é tempo de intercessão. As intenções do PAPA Paulo VI para o mês mariano continuam em voga nos dias atuais: rezar pelo bom êxito das iniciativas evangelizadoras da Igreja, pela paz do mundo, pelos responsáveis pela vida pública, salvaguardar a paz. Em território brasileiro, deve ser acrescido a estas intenções a promoção de “Políticas Públicas justas”, em comunhão com a Campanha da Fraternidade 2019.
São múltiplos acontecimentos que carecem da iluminação das orações do mês de maio com nos recomenda a Encíclica supracitada: “E, aproveitando a ocasião favorável, não deixeis de inculcar, com a maior insistência, a reza do Santo Rosário, oração tão agradável à Virgem Maria e tão recomendada pelos Sumos Pontífices. Por meio dela, podem os fiéis cumprir, da maneira mais suave e eficaz, a ordem do Divino Mestre: “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto” (Mt 7,7). Seja o mês mariano tempo de maturidade na fé dos devotos da Mãe de Deus, para que se faça verdade na vida dos católicos a generosa resposta de Maria ao Anjo Gabriel: “faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
Padre Antônio Inácio
(Paróquia Nossa Senhora da Glória, Glória do Goitá-PE)