Por meio da coleta do Óbolo de São Pedro, Pontífice subsidia ações caritativas e emergenciais em favor dos mais necessitados em todo o mundo.
No próximo domingo, 4, os católicos brasileiros celebram a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Essa comemoração, que no calendário oficial da Igreja é celebrada em 29 de junho, no Brasil é transferida para o domingo anterior ou posterior a esta data para que os fiéis possam participar intensamente deste dia santo.
Por ocasião desta solenidade, acontecem em todas as igrejas católicas do mundo a tradicional coleta do Óbolo de São Pedro. Trata-se da ajuda econômica que os fiéis oferecem diretamente ao Papa, para as múltiplas necessidades da Igreja universal e para as obras de caridade em favor dos mais necessitados.
Origem bíblica
A prática de apoiar materialmente aqueles que têm a missão de anunciar o Evangelho e de cuidar dos mais necessitados existe desde a origem do Cristianismo.
No final do século VIII, os anglo-saxões decidiram enviar de maneira estável uma contribuição anual ao Santo Padre, o “Denarius Sancti Petri”. Posteriormente, o Papa Pio IX abençoou o Óbolo de São Pedro com a encíclica Saepe venerabilis, de 5 de agosto de 1871.
Como funciona
As coletas realizadas nas missas em todas as igrejas católicas do mundo, na data estabelecida, são reunidas pelas dioceses que enviam a quantia para a Santa Sé, para compor um fundo destinado apenas para esta finalidade.
Além do envio por parte das dioceses, é possível fazer a oferta por meio do site oficial do Óbolo de São Pedro.
“Essa coleta não vai para o bolso nem para a conta do Papa e, sim, para um fundo que faz referência ao Papa, para que este faça a caridade às situações de necessidade, de urgência, de catástrofe e sofrimentos do mundo inteiro. Não há terremoto, vulcão, desastre natural ou catástrofe em que o Papa não esteja ajudando em nome da Igreja Católica, para que a caridade, como testemunho veraz do Evangelho, chegue a todos”, explicou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.
Pandemia
Neste período da pandemia de COVID-19, foram inúmeras as iniciativas para responder às necessidades e emergências, com atenção particular às populações que vivem em condições mais desfavorecidas. A arrecadação anual para a caridade do Bispo de Roma, contudo, também serve para sustentar o seu serviço às Igrejas de todo o mundo.
Veja a seguir, alguns exemplos de ações realizada graças ao Óbolo de São Pedro:
COVID-19
Fundo de Emergência
Por meio do Fundo de Emergência da Congregação para as Igrejas Orientais e das agências pertencentes à Reunião de Obras para as Igrejas Orientais (ROACO) foram destinados 9,5 milhões de euros para projetos de combate à COVID-19 na Armênia, Belarus, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Cazaquistão, Egito, Eritreia, Etiópia, Geórgia, Grécia, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Macedônia, Polônia, Romênia, Síria, Terra Santa (Chipre, Israel, Jordânia e Palestina), Turquia e Ucrânia.
Pontifícias Obras Missionárias
O Pontífice enviou 750 mil dólares para o Fundo Emergencial COVID-19 das Pontifícias Obras Missionárias (POM), por meio do qual foram concedidos subsídios para necessidades emergenciais a dioceses na África do Sul, Bangladesh, Colômbia, Guiné, Libéria, Marrocos, Paquistão, São Tomé e Príncipe e Serra Leoa.
Doação de respiradores
Foram doados respiradores, kits de análise, material para prevenção e contenção de infecções à Eritreia, Etiópia, Iraque, Israel, Líbano, Palestina, Turquia e Ucrânia, num total de 19 projetos e mais de meio milhão de euros alocados diretamente pela Congregação para as Igrejas Orientais. A estes somam-se 298 projetos em 22 países num total de mais de 9 milhões de euros.
Também a Esmolaria Apostólica adquiriu respiradores que foram distribuídos com outros materiais hospitalares ao Brasil, África do Sul, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Índia, Papua Nova Guiné, Síria e Zâmbia.
Empório da Solidariedade
O Óbolo de São Pedro também financiou projetos voltados para o suporte a famílias atingidas pelo impacto econômico da COVID-19. Na província italiana de Foggia, por exemplo, a Caritas Diocesana, após uma avaliação, fornece um cartão temporário às pessoas elegíveis que as permite adquirir produtos gratuitamente em um empório criado por ela. Também são oferecidos aos beneficiários serviços de orientação, capacitação, inclusão e socialização. Além disso, são promovidas atividades de recuperação e redistribuição dos excedentes alimentares com uma abordagem sistêmica e integrada, graças à rede de empresas apoiadoras do projeto.
Doações diretas
Francisco também fez doações financeiras para regiões e países mais atingidos pela pandemia, como o envio de 20 mil dólares para o Zimbábue, com os quais a Nunciatura Apostólica adquiriu materiais hospitalares que foram distribuídos nos 25 hospitais católicos do país.
Outro exemplo foi o envio de 10 mil reais para as dioceses da Baixada Fluminense (RJ), em junho de 2020. O valor foi utilizado na compra de cestas básicas e kits de higiene, entregues a famílias dos bairros que estão entre os mais carentes do estado do Rio Janeiro.
Vacina para os pobres
Entre abril e maio, o Vaticano vacinou 1,8 mil pessoas pobres contra a COVID-19, incluindo a população em situação de rua e refugiados. Essas pessoas foram imunizadas com a fórmula da Biontech/Pfizer, a mesma recebida pelo Papa Francisco, o Papa Emérito Bento XVI, colaboradores e funcionários do Vaticano, assim como seus familiares.
Projetos emergenciais
Em junho, a Fundação Populorum Progressio, confiada ao Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, aprovou 104 projetos de desenvolvimento humano integral e 28 projetos de ajuda humanitária por meio do programa de cestas básicas, que serão executados em 23 países da região, no valor de mais de 2,5 milhões de dólares.
OUTROS PROJETOS
Iraque
Durante sua viagem apostólica ao Iraque, em março de 2021, o Papa Francisco fez uma doação de 350 mil dólares destinados a iniciativas de apoio a famílias mais atingidas pelas consequências dos conflitos que assolam o país, somados à crise econômica decorrente da pandemia.
Atingidos por desastres naturais
Frequentemente, os pontífices enviam ajudas financeiras para países ou regiões atingidas por desastres naturais. Em janeiro de 2021, foram doados 100 mil euros para a Caritas Croácia para apoiar os habitantes da área do terremoto de Banovina. Valor igual foi enviado para a costa setentrional da Albânia, atingida por um terremoto em 2019.
Em março de 2019, o Santo Padre enviou 150 mil dólares para Malawi, Moçambique e Zimbábue, após o ciclone tropical Idai devastar a região. Na mesma época, Francisco enviou 100 mil euros para ajudar a população atingida pelas fortes chuvas no Irã. A população do Nepal recebeu 50 mil dólares após o terremoto que causou 9 mil mortes em 2015.
Migrantes e refugiados
Em abril de 2019, o Sucessor de Pedro doou meio milhão de dólares para projetos diocesanos de assistência aos migrantes no México, por onde passam anualmente milhares de pessoas de diversos países da América Latina e Central, na esperança de cruzar a fronteira para entrar nos Estados Unidos.
Foram muitas as ajudas do Papa às regiões que recebem um grande fluxo de refugiados. Uma delas é a ilha de Lesbos, na Grécia, para a qual o Santo Padre enviou 100 mil euros, em maio de 2019, à Caritas local, que realiza atendimento às famílias que vivem nos campos de refugiados da região.
Desenvolvimento agrícola
Em dezembro de 2020, a Santa Sé ofereceu 25 mil dólares ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência da ONU que, em parceria com governos estaduais e federais, realiza acordos de empréstimos e doações para apoiar o desenvolvimento rural.
Hospital pediátrico
Por desejo do Papa, foi inaugurado, em março de 2019, um hospital pediátrico na República Centro-Africana, cujo projeto e cuidado foram confiados ao Hospital Menino Jesus, de Roma. Foram contratados médicos, adquiridos mobiliários, equipamentos e medicamentos. Também houve a contribuição para a promoção de ensino a distância a profissionais da Saúde, estudantes de Medicina, concessão de bolsas para pós-graduação, além de um estágio de especialização na Itália para novos especialistas e professores da Faculdade de Medicina de Bangui, capital do país.
Para saber mais sobre os projetos e iniciativas financiadas pelo Óbolo de São Pedro acesse aqui.
Fonte: O SÃO PAULO
Imagem de capa: Vatican Media